Palmeiras precisou de se reinventar no segundo tempo para derrotar o Botafogo da Paraíba por 3 a 0 e encaminhar sua classificação às quartas de final da Copa do Brasil. No jogo de volta, se classifica até com uma derrota por dois gols de diferença. Vantagem considerável.
Do jogo, a dúvida que fica ao técnico Cuca é o aproveitamento de Cleiton Xavier. No primeiro tempo, quando ele esteve em campo, o time não andou. Em nenhum momento teve lucidez. No segundo, com a entrada de Allione, o comportamento foi outro. Trocou a letargia pela vibração e impôs um ritmo alucinante, bem semelhante ao estilo de jogo quando Gabriel Jesus se faz presente no ataque. Nesse contexto, Tchê Tchê fez a diferença.
Por isso, o Palmeiras tem de apagar seu primeiro tempo diante do Botafogo. Dono da casa, com tudo a seu favor, se rendeu à boa marcação do adversário da Paraíba. Em nenhum momento pressionou no campo do inimigo. Aceitou o jogo do visitante como uma generosidade impressionante. Aquele time sufocante na vitória contra o Fluminense no domingo não se viu no Allianz Parque. Parecia uma miragem.
Parte dessa exibição sem inspiração e morna se deve a Cleiton Xavier. Omisso, não apareceu uma única vez na armação do ataque. Sem ação daquele que deveria ser o regente, o Palmeiras não se inspirou e muito menos se empolgou com o apoio da torcida. Fez um jogo irritante, de muitas bolas recuadas a Vitor Hugo e dali sair alguma coisa. Convenhamos, seria impossível a um zagueiro criar algo diferente.
A dificuldade do time de Cuca aumentou a partir dos 25 minutos quando Moisés, com uma torção no tornozelo, foi substituído pelo volante Gabriel. Se a saída de bola da defesa ao ataque estava complicada, ficou pior ainda com a perda de Moisés.
Consciente do seu tamanho, o Botafogo se propôs marcar forte e, de posse de bola, agredir o adversário. E criou alguns embaraços ao dono da casa. Jailson teve de intervir em duas situações de gol.
No segundo tempo, Cuca voltou com Allione não lugar do lento Cleiton Xavier. Sinal de que o time ganharia mais velocidade na saída do jogo. E disposição. Acabava a passividade. O comandante das ações seria Tchê Tchê, o jogador multiplicado.
A simples troca de meias e a orientação no vestiário no intervalo de que o time deveria agredir mais, marcar o adversário no campo dele, deram resultado. Com 10 minutos, Rafael Marques sofreu pênalti não muito claro. Jean bateu e converteu.
Acabava a resistência do Botafogo. O time da Paraíba cedeu território e o dono da casa tomou conta. Rafael Marques fez o segundo, após trama de Dudu e Erik. E o melhor estava por vir com o gol de Tchê Tchê, o primeiro dele pelo Palmeiras, em lance com dribles de Dudu, Allione e do próprio Tchê Tchê: 3 a 0 e fatura liquidada.
A vitória serve a Cuca a repensar o que fazer com Cleiton Xavier. Com ele, o time sai lento e vibra pouco. Em jogos de mata-mata, como na Copa do Brasil, é preciso tomar decisões rápidas. Xavier não é este jogador.
FICHA DO JOGO
Palmeiras 3 x 0 Botafogo-PB
Gols: Jean, aos 13; Rafael Marques, aos 18 ; e Tchê Tchê, 36 aos minutos do segundo tempo.
Palmeiras: Jaílson, Jean, Mina, Vitor Hugo e Zé Roberto; Tchê Tchê, Moisés (Gabriel) e Cleiton Xavier (Allione) ; Erik (Vitinho), Rafael Marques e Dudu. Técnico: Cuca
Botafogo-PB: Michel Alves, João Paulo, Plinio, Marcelo Xavier e David Luiz; Djavan, Pedro Castro e Marcinho; Carlinhos, Rodrigo Silva e Jefferson Recife. Técnico: Itamar Schulle
Juiz: Dewson Freitas da Silva
Cartões amarelos: Plínio e Allione,
Renda: R$1. 1012.000,00
Público: 24.512 pagantes.
Local: Allianz Parque