Marinho, abstrato do futebol

Personagens do Brasileirão 2016 – perfil (2)
Jogador do Vitória, sincero e real nas entrevistas pós-jogo, se transforma em um dos mais bem avaliados atacantes do campeonato

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Marinho não sabe mentir, nem enrolar na entrevistas ao final dos jogos ou mesmo nos intervalos das partidas. Fala como joga, com sinceridade. Sua diferença aos outros jogadores é a simplicidade. Do mesmo jeito que revela sua pureza diante de um microfone, ilude seus marcadores. Dribla como se bebe água e ferroa com chutes precisos. Seria um craque, não fosse algum preconceito e a falta de paciência de treinadores e dirigentes a adotar, até aqui, o mais inocente e lúcido dos jogadores deste Brasileirão 2016.

Quem tem alguma dúvida, por favor, consulte um marcador, um zagueiro, um beque encarregado de marcar Marinho. A maioria deles vai dizer o tanto que este jogador tem de imprevisível. Muitos deles caíram de bunda no chão com os cortes relâmpagos do aríete do Vitória. Quando acordaram, lá estava ele fulminando goleiros, às vezes com a bola na lua, muitas vez implodindo as redes.

Não por acaso é candidato a Bola de Ouro, da Placar/ESPN, do Campeonato Brasileiro.

Se o atacante, habituado a jogar no setor direito como um ponta no tempo do futebol romântico, é tudo isso por que não o levam tão a sério? Cabe aí uma resposta dos grandes clubes. Um dos que apostaram há pouco tempo no futebol-verdade do atacante foi o Cruzeiro, na época sob a batuta de Vanderlei Luxemburgo.

Naqueles dias, há pouco mais de ano e meio, Marinho entortou muitos zagueiros no Mineirão, fez alguns golzinhos, se machucou, se entregou em entrevistas puras, mas não convenceu o Cruzeiro de que poderia iluminar as ruas de Belo Horizonte – o despacharam como um jogador qualquer.

Sem sucesso em Minas, foi parar no Vitória da Bahia. E, depois de um punhado de gols, virou cobiça de clubes gigantes do Sudeste. Hoje é cobiçado por Botafogo – sua multa rescisória é baixa, cerca de R$ 17,6 milhões. Vitória tem 70% e Cruzeiro, 30%, dos direitos do atacante.

Se antes era fácil convencer esse alagoano de 26 anos a se entregar à tentativa de ser ídolo no Sul Maravilha, agora a tarefa, parece, é bem mais complicada.

Marinho é um abstrato do futebol. Ninguém viu antes esse astro alienígena assombrar o Brasileirão 2016. Mas ele existe, é real, e faz gol como ninguém.

Veja o primeiro perfil dessa série do Blog do Prósperi com personagens do Brasileirão.

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