Jogadores pagam conta da insanidade dos cartolas em tempos de Covid

Cresce número de jogadores lesionados e infectados com acúmulo de jogos desde a volta do futebol em plena pandemia da Covid mundo afora. No Brasil e na Europa, em especial.

A culpa, neste momento, passa pela ganância e sobrevivência de clubes e de federações comandados por dirigentes acuados e, porque não, insanos.

Em vez de desinchar os calendários de competições, diminuindo número de jogos e do período de campeonatos, os ditos cartolas resolveram atravessar o mar em barcos a remo.

Veja o caso no futebol brasileiro e sul-americano.

Neste mês de novembro, clubes do Brasil disputam partidas de mata-mata da Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, permeados por Datas-Fifa para jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo 2022 quando são obrigados a ceder jogadores às seleções, sem interrupção do Brasileirão.

Jogadores são submetidos às viagens pelo país e continente se expondo ao risco cada vez mais letal de contágio pela Covid.

No campo, mesmo após quatro meses de inatividade (entre maio e julho) comprometendo o estado atlético, os jogadores mal têm tempo para recuperar o físico. Jogam a cada dois dias.

Inevitável ameaça de se aumentar o número de lesões, não apenas musculares como de articulações e, pior, fraturas.

Olha o que acontece com a Seleção Brasileira, por exemplo, neste momento. Tite convocou e não pode contar com os titulares Casemiro (Covid), Philippe Coutinho (lesão muscular), Neymar (lesão muscular) e os reservas Gabriel Menino (Covid), Rodrigo Caio e Eder Militão. Todos machucados e cortados – apenas Neymar está preservado – dos jogos contra Venezuela (1 a 0 nesta sexta-feira, 13/11) e Uruguai (17/11) pelas Eliminatórias da Copa do Mundo Catar 2022.

Tite perde cinco jogadores em pouco menos de dois meses da primeira chamada nos jogos contra Bolívia e Peru em setembro. Naquela ocasião não pôde convocar os titulares Alisson e Gabriel Jesus, machucados.

Nos clubes, cenário se repete. Na semana passada, Palmeiras perdeu Wesley (lesão no joelho) e Felipe Melo (tornozelo) – os dois só voltam a jogar em 2021. Internacional não conta mais com Guerrero, Boschilha e Saraiva, com lesões graves, em 2020.

Flamengo está privado de ter Arrascaeta há bom tempo e só agora vai escalar Gabigol, afastado até então por lesão. Sem falar do surto de Covid que assolou o grupo de jogadores e comissão técnica há menos de dois meses.

Mesmo surto atinge agora o Santos com 11 jogadores, o técnico Cuca e auxiliares de comissão técnica – todos infectados. Palmeiras com 5 contaminados. A Covid já mostrou sua cara também no Goiás, Atlético-GO, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Fluminense, Botafogo, Vasco… e uma penca de clubes nas Séries B, C e D do Campeonato Brasileiro.

Até esta sexta-feira (13/11), véspera da 21ª rodadas do Brasileirão, eram 39 os jogadores infectados. Confira a lista:

  • Santos: 11 (Ângelo, Vladimir, João Paulo, Lucas Veríssimo, Madson, Diego Pituca, Jobson, Jean Mota, Alison, Sandry e Alex);
  • Coritiba: 7 (Matheus Galdezani, Nathan, Patrick Vieira, Matheus Bueno, Ricardo Oliveira, Nathan e Muralha);
  • Palmeiras: 5 (Luan, Gabriel Menino, Rony, Danilo e Gabriel Silva);
  • Vasco: 4 (Leandro Castán, Carlinhos, Miranda e Ribamar);
  • Ceará: 2 (Vina e Brock);
  • Internacional: 2 (Nonato e Patrick);
  • Corinthians: 2 (Jô e Mateus Vital);
  • Fluminense: 2 (Fernando Pacheco e Yago);
  • Atlético-MG: 1 (Sávio);
  • Botafogo: 1 (Walery);
  • São Paulo: 1 (Tchê Tchê);
  • Sport: 1 (Rafael Thyere); 
  • Flamengo: ninguém;
  • Grêmio: ninguém;
  • Bragantino: ninguém;
  • Fortaleza: ninguém;
  • Bahia: ninguém;
  • Goiás: ninguém;
  • Athletico: ninguém;
  • Atlético-GO: ninguém.

    Técnicos infectados:
  • Santos: Cuca
  • Coritiba: Rodrigo Santana

Na Europa, clubes ingleses perdem jogadores importantes a cada rodada. A maioria por lesão. Liverpool ficou sem o zagueiro Van Dijk, lateral Arnold (foto abaixo) e o volante Fabinho. City de Guardiola perdeu Gabriel Jesus e Aguero por longos dias.

Klopp e Guardiola resmungam contra excesso de jogos e ainda decisão da Premier League de não permitir cinco substituições de atletas por partida. “Nossos jogadores estão no limite”, diz Guardiola.

Fora as lesões, temos a Covid Que já tirou Neymar e Mbappé, entre outros, do campo. Mais recente, Cristiano Ronaldo.

Dos heróis de agora, apenas Lionel Messi não tombou machucado por acúmulo de jogos ou infectado pela Covid. Não se trata de um super-homem, apenas sorte do gênio.