O Santos chegou ao seu 22.º título paulista jogando como um time pequeno contra o modesto, mas corajoso, Osasco Audax ao vencer por 1 a 0 na Vila Belmiro neste domingo. Diante de um adversário que gosta de grudar a bola no pé, jogou na retranca desde os 25 minutos do primeiro tempo quando perdeu Lucas Lima, sentindo a lesão no tornozelo, para ser campeão.
Fechadinho lá atrás, bloqueou o Audax, acostumado a envolver os adversários com troca de passes e muita movimentação dos jogadores, sofreu alguns sustos com duas bolas na trave até consolidar a vitória consagradora.
Campeão, mantém hegemonia dos últimos dez anos no Estado. De 2006 a 2016, faturou sete títulos. Irrepreensível, com a oitava final seguida do Paulistão desde 2009. E alcançou a 22.ª taça, mesmo número do Palmeiras, perdendo apenas para o Corinthians, que tem 27. O São Paulo coleciona 21.
Quanto ao vice-campeão paulista de 2016, o Audax se desmancha e o futebol brasileiro perde essa nova fragrância. A mais completa novidade da temporada não tem muito mais o que fazer no calendário nacional. Vai disputar a Série D do Brasileirão, sem muitas perspectivas, e ceder seus principais jogadores aos grandes clubes do País. E o mentor dessa história, Fernando Diniz, também não sabe se vai ficar. Uma lástima.
O JOGO
Não se pode cometer pecados contra um time moldado a contra-atacar, muito menos deixar no mano a mano um atacante do calibre de Ricardo Oliveira.
Pois bem, o Audax fez quase tudo certo no primeiro tempo na decisão na Vila. Controlou o jogo no seu estilo, carimbou a trave de Vanderlei, arriscou cinco a seis chutes perigosos de fora da área, não deixou o adversário jogar. Mas, no primeiro vacilo no ataque, permitiu ao Santos um contra-ataque bem feito, que acabou com o gol de Ricardo Oliveira: 1 a 0, aos 44 minutos.
Qual foi o erro do time de Fernando Diniz? Quando tinha pelo menos oito jogadores no campo do Santos, não poderia ter deixado Ricardo Oliveira pronto a contra-atacar, numa distância de 20 metros do gol, apenas com um marcador de frente.
Era preciso ter uma sobra, um preceito básico do futebol. Com apenas Bruno Silva a sua frente, Ricardo Oliveira arrancou, deu uma caneta no zagueiro e fuzilou Sidão.
Antes de construir esse gol, o Santos se viu prensado pelo Audax. Como não conseguia sair lá de trás, se retraiu ainda mais quando Lucas Lima, chorando, deixou o campo. Fez duas linhas de quatro para inibir o time de Osasco à espera de encaixar o contra-ataque.
Cabe aqui uma pergunta: por que Lucas Lima foi para o jogo? Sem treinar durante a semana, com inchaço no tornozelo, o craque pediu para sair aos 23 minutos do primeiro tempo. Por mais que toda a comissão técnica e o jogador tenha analisado a situação de Lucas Lima, a palavra final caberia a Dorival Júnior, que certamente aceitou a escalação do jogador. Correu um risco desnecessário em uma final de campeonato.
No segundo tempo, Diniz voltou com o meia canhoto Rodolfo no lugar de Francis, volante que estava improvisado na lateral-direita. Não mudou muito a característica do jogo, mas continuou presente no campo santista. E não teve forças para castigar Vanderlei, embora tenha metido uma bola no travessão e obrigado o goleiro a uma defesa importante quase ao final da partida.
O Santos não mudou seu enredo. Continuou retrancado à espreita de um contra-ataque. Teve um gol de Joel mal anulado e a chance de fazer 2 a 0 com Ronaldo Mendes a três minutos do encerramento do jogo. No fim, celebrou a 22.ª conquista.