São Paulo manda um recado aos concorrentes e vira destaque nesta segunda rodada do Brasileirão 2019. A vitória por 2 a 1 diante do Goiás no Serra Dourada, longe de ser uma maravilha, deu sinais de que o time pode se cacifar em busca de algo valioso no campeonato. Santos também se mete nesse espaço ao vencer Fluminense, segundo triunfo do time de Sampaoli. Em contrapartida, o Flamengo volta a colocar um ponto de interrogação no seu futuro – recolher as fichas da mesa é prudente nesse momento.
Anes de entrar na análise do feito do São Paulo, a segunda rodada teve até aqui 18 gols em 8 jogos – média de 2,2 – contra 33 gols na primeira rodada. Cabe a ressalva que ainda teremos mais dois jogos nesta quinta-feira – Santos x Fluminense, Botafogo x Bahia.
Voltando a falar do time de Cuca, líder do Brasileirão com seis pontos em dois jogos, é preciso prestar atenção na opção do treinador por Pato como um articulador do ataque e não um camisa 9 pregado na grande área. Pato é quem chama os garotos Antony e Toró para dialogar e dali dar início à construção das vitórias. Funcionou no segundo tempo contra o Botafogo e domingo diante do Goiás com 2 a 1 (Pato e Toró marcaram para o Tricolor). Dois jogos sob o signo do garoto Toró, 19 anos, que marcou seu primeiro gol como jogador profissional.
Seria Toró o novo Gabriel Jesus moldado por Cuca no Palmeiras campeão do Brasileiro 2016? A conferir.
Sampaoli x Diniz
Treinador argentino superou o brasileiro no confronto Santos 2 x 1 Fluminense, fechando a segunda rodada do Brasileirão. A diferença entre os dois times é que o Santos tem mais apetite pela vitória. Não perde tempo quando tem a bola, mesmo nos momentos de paciência quando tem o controle do jogo. Os 2 a 1 – gols de Sacha e Sanchez, Pedro fez para o time carioca – retratam bem a diferença de estilos. Fluminense de Diniz parece mais comedido, trabalha o tempo todo em ritmo mais lento. É uma fórmula de risco. Não por acaso tem duas derrotas em dois jogos do campeonato.
Entre leões e gatinhos
Irônica e criativa desde os primórdios, a crônica esportiva carioca criou lá pelos anos de 1980 o jargão: jogando em casa é um leão, fora de casa, um gatinho.
Flamengo de Abel Braga se encaixa nessa teoria. No Maracanã, engoliu o Cruzeiro na vitória (3 a 1) de virada na primeira rodada. Um leão faminto que cravou as garras no lombo do time mineiro até abater a presa. No Beira-Rio, saiu na frente do Internacional e levou a virada, como um gatinho que pisa no pires e derrama o leite.
Falta a este Flamengo o controle do jogo. Falta equilíbrio no momento de acelerar e depois se acalmar. Se impor, dentro e fora de casa.
Quanto ao Inter, nada de novo. A receita do técnico Odair Helmann é marcar território com os escudeiros Rodrigo Dourado, Edenílson e Patrick – três gladiadores no meio-campo –, e dar suporte a Nico Lopez e Guerrero lá na frente.
Crise de identidade
Corinthians está diante de uma encruzilhada, sem saber que rumo tomar. A estratégia de se defender sempre, não levar sustos e beliscar no vacilo do adversário, parece fora de propósito neste momento. Contra a Chapecoense – terceiro jogo entre os dois, contando os confrontos da Copa do Brasil –, time de Carille venceu – 1 a 0, gol de Carlos Augusto (foto) – mesmo travado mais uma vez. Treinador alegou cansaço da maioria de seus jogadores, efeito das exigências do Paulistão e fases de classificação da Copa do Brasil. Mais que cansaço, Corinthians parece sem identidade em busca de um novo modelo.
A pergunta: Carille tem capacidade para reinventar o time sem os dogmas de seu passado recente no clube?
Mão errada
Felipão deve ter lá sua razões para trocar 11 jogadores de uma rodada a outra no Brasileirão. Na primeira, com os titulares, asfixiou o Fortaleza sem desapertar o nó. Na segunda, mesmo com reservas qualificados, não se impôs diante do modestíssimo CSA em Maceió – empate 1 a 1, Raphael Veiga (foto) fez gol dos verdes. Este segundo time do Palmeiras tinha peso suficiente para derrotar um adversário que vem da Série B e tão sólido como um castelo de areia. Uma lição a Felipão que se apoia no modelo vitorioso de 2018 quando estabeleceu rodízio de jogadores e vestiu a faixa de campeão ao final da brincadeira.
Grêmio e Vasco afundam
Renato Gaúcho está preocupado, e com razão. Seu Grêmio perde poder de fogo e não consegue liquidar os adversários. Contra o Santos na primeira rodada, martelou pedras e não desmanchou a pedreira. Na segunda rodada, repetiu a dose diante do Avaí fora de casa. A fórmula do futebol bem jogado, vertical, não tem sido suficiente para vencer. Renato precisa, urgente, repensar sua linha de ataque e obrigar a turma a chutar mais a gol. Em dois jogos, soma apenas um ponto.
E o que dizer do Vasco? Duas rodadas, duas derrotas. Nau à deriva, sem trocadilho. Sem treinador efetivo, sem grupo definido. Sem nada. Vasco entra na zona perigosa da areia movediça. Ou pega logo na corda da salvação ou a cada movimento marcado por desespero se afunda ainda mais.
Atlético-MG também está sem técnico efetivo. Mas, diferente do Vasco, vem com um interino desde a decisão do Campeonato Mineiro. Interino acostumado com os profissionais e até por isso encontra mais facilidade na gestão dos jogadores. Dois jogos, duas vitórias. É um bom começo, simples assim.
Só para lembrar: o interino do Vasco vem das categorias de base do clube carioca.
Confira resultados da segunda rodada do Brasileirão 2019:
Quarta-feira (01/5)
Internacional 2 x 1 Flamengo
CSA 1 x 1 Palmeiras
Goiás 1 x 2 São Paulo
Vasco 1 x 2 Atlético-MG
Cruzeiro 1 x 0 Ceará
Fortaleza 2 x 1 Athletico-PR
Avaí 1 x 1 Grêmio
Corinthians 1 x 0 Chapecoense
Quinta-feira (02/5)
Santos 2 x 1 Fluminense
Botafogo 3 x 2 Bahia
Confira classificação do Brasileirão 2019 com duas rodadas