A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, sem consultar ninguém do futebol, determinou com uma canetada a presença de torcida única em clássicos paulistas em todos os campeonatos até 31 de dezembro. A ordem partiu do governo do estado após a série de confrontos de facções organizadas e uma morte, tendo como pano de fundo o jogo Palmeiras 1 x 0 Corinthians, neste domingo, no Pacaembu.
Essa é a resposta das autoridades para uma guerra entre as facções Gaviões da Fiel, do Corinthians, e Mancha Alvi-Verde, do Palmeiras, declarada em 2011, veja bem, em 2011.
Experiências com torcida única em outros estados do País não resolveram o problema da violência no futebol. Até porque a maioria dos confrontos entre os vândalos acontece bem distante dos estádios. E na maior cidade do Brasil a situação ainda é mais complicada, tamanho campo de batalha à disposição dos vândalos – o chamado exército da morte do futebol.
Em outros países, onde os índices de violência no futebol também são alarmantes, a experiência de torcida única não tem sido bem-sucedida. Quando os grupos de torcedores decretam guerra, não há limites nem ação repressora que dê jeito. É quase uma batalha perdida aos que comungam do futebol sem porrada.
E o que está em curso em São Paulo é uma guerra aberta entre Gaviões da Fiel e Mancha Alvi-Verde, as maiores facções de Corinthians e Palmeiras. Desde que o corpo de um torcedor corintiano, ligado a Gaviões, apareceu boiando no rio Tietê, em agosto de 2011, a guerra se intensificou.
Este torcedor teria sido morto, 36 horas antes de ser achado no rio, por integrantes da Mancha Alvi-Verde em cum confronto programado pelas duas torcidas. E as autoridades de segurança de São Paulo até hoje (abril de 2016) ainda não chegaram aos responsáveis pela morte.
Em março de 2012, menos de um ano depois do corpo no Tietê, grupos da Gaviões e da Mancha travaram uma batalha na avenida Inajar de Souza, zona norte de São Paulo. Eram cerca de 500 torcedores. Munidos de porretes, pedaços de cano e revólveres, os vândalos assombraram a cidade. Dois torcedores foram baleados, muitos sofreram ferimentos graves e dois morreram.
Essa talvez tenha sido a mais terrível batalha entre Gaviões e Mancha. De lá, 2012, até o último domingo de abril de 2016, os confrontos entre torcedores das duas facções se repetem com frequência.
As ações dos serviços de inteligência da Polícia e, por tabela, da Secretaria de Segurança Pública, não acontecem. Qualquer torcedor das duas organizadas sabe que a guerra, declarada em 2011, é real e não tem prazos nem limite para acabar.
O governo e polícia sabem como chegar nos bárbaros. Mas por inércia ou incompetência não se movem. Preferem tirar o torcedor dos estádios.
Por isso a opção de torcida única é um golpe duro ao futebol, este sim a maior vítima da covardia de quem comanda, dirige e fatura rios de dinheiro com o espetáculo.