Corinthians cai fora da Libertadores e abala supremacia de Tite

 

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André perde pênalti decisivo contra o Nacional

O empate por 0 a 0 no jogo de ida contra o Nacional em Montevidéu, quando o time não deu um mísero chute ao gol, entregou a conta ao Corinthians nesta quarta-feira, 04/5, no Itaquerão. Obrigado a vencer em casa, diante de mais de 43 mil torcedores, o time de Tite voltou a empatar (2 a 2) e caiu fora da Copa Libertadores mais uma vez nas oitavas de final.

Com esses números, a supremacia de Tite no futebol brasileiro fica abalada ao não avançar na fase aguda de mata-mata jogando em casa. Na Libertadores de 2015 parou no modesto Guaraní do Paraguai. Em 9 jogos eliminatórios no Itaquerão, entre Paulistão, Copa do Brasil e Libertadores, o Corinthians perdeu cinco (Palmeiras, Audaz, Guaraní, Santos e Nacional) e ganhou quatro (Ponte Preta, Red Bull, Bragantino e Bahia).

Esta queda expõe o quanto esse Corinthians de 2016 não tem estofo para encarar grandes desafios. Não tem um jogador diferente, com talento para decidir jogos – essa verdade ficou explícita com o pênalti perdido por André. E mostra também que Tite não está acima da média de outros treinadores brasileiros que padecem quando não têm jogadores diferenciados.

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Tite cai em outro mata-mata no Itaquerão

Com uma equipe apenas mediana, Tite viu que não é fácil ganhar de times uruguaios, seja em casa ou não. Por tradição, eles não se intimidam em ambientes hostis e muito menos sob pressão frenética de torcedores do adversário. O Nacional de Montevidéu deu esse exemplo no Itaquerão.

Sem se incomodar com o frisson das arquibancadas, com a Fiel inflamada desde o início, o Nacional saiu alucinado para cima do Corinthians. A ordem era não deixar o inimigo respirar e buscar um gol para assumir a vantagem de jogar por um empate com gols e se classificar às quartas de final.

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Fiel empurra Corinthians e não tem resposta no  campo

Em ritmo alucinante, o time uruguaio construiu o primeiro gol aos 5 minutos, com Nico López em lance confuso entre Fagner, Fernández e Cássio. Esse gol desfavorável levou a torcida corinthiana a aumentar ainda mais o volume. Era um jeito de manter o seu time acordado, após o duro golpe no queixo.

Os uruguaios não deram bola ao gesto de mais de 40 mil torcedores no Itaquerão e, três minutos depois do gol, obrigaram Cássio a uma defesa complicada. Atordoado o Corinthians conseguiu o empate no único momento do primeiro tempo em que saiu trocando passes. Lucca, aos 14, conferiu no lance que começou com Giovanni Augusto.

O empate não diminuiu o ritmo nem a organização do Nacional. O Corinthians não respondeu à altura. O jogo continuou frenético e, quase ao fim do primeiro tempo, Nico López simulou uma contusão. Os uruguaios pediram fair play e, na indecisão de Giovanni Augusto mandar a bola para fora, eles deram o bote, lançaram López que por pouco não construiu a jogada do segundo gol.

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Cássio teve trabalho no Itaquerão

Este lance gerou um bate-boca entre os jogadores. Os uruguaios, além de jogar com o regulamento, queriam tumultuar a partida. No intervalo, houve confusão na entrada dos vestiários com suspeitas de insultos racistas por parte de gente do Nacional contra jogadores do Corinthians.

Vinha encrenca no segundo tempo. Cabia ao dono da casa serenidade, não se deixar levar pelas provocações dos adversários. Era preciso sangue frio. E jogar bola.

Jogar bola, bem entendido. Começa o segundo tempo e nada de o Corinthians responder. Na sua toada, o Nacional deu um bote aqui, outro ali, encantoou o dono da casa e chegou ao segundo gol, aos 11 minutos. O manto da ansiedade e preocupação se debruçou sobre o Itaquerão. O que fazer?

Tite, desesperado, lançou Romero e Marquinhos Gabriel nos lugares de Lucca e Giovanni Augusto na tentativa de dar mais velocidade e força ao ataque. Mais que a troca de jogadores, era necessário inteligência para fugir da forte e muito bem organizada marcação do Nacional. Tite ainda tentou com Danilo.

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Nacional elimina Corinthians e avança na Libertadores

Aos poucos o silêncio foi tomando conta o Itaquerão. Um grito aqui, outro ali, mas sem ilusão de que poderia mudar o curso do jogo. O Corinthians teria de marcar mais dois gols, restavam pouco mais de 15 minutos.

A história poderia ter um outro destino aos 38 minutos quando Marquinhos Gabriel sofreu pênalti. André, encarregado de cobrar, tremeu na frente do goleiro do Nacional e perdeu a batida. O Itaquerão ficou mudo. Quer dizer, lá no fundo do estádio se ouvia apenas os cânticos dos uruguaios.

Mas ainda tinha mais drama e desespero. Aos 47, Polenta fez pênalti. Marquinhos Gabriel converteu. O estádio se incendiou. Romero teve a classificação aos seus pés e não cravou o terceiro gol. Era o fim do Corinthians na Libertadores de 2016.