Luiz Antônio Prósperi – 7 agosto 2025 (12h13) –
Abel Ferreira decide seu futuro no Palmeiras domingo, após o jogo contra o Ceará na 19.ª rodada do Brasileirão. A expectativa é por sua permanência pelo menos até dezembro quando se encerra seu contrato. Abel queria renovar aceitando estender o vínculo por mais dois anos – fim de 2027 – atendendo desejo da presidenta Leila Pereira. Acontece que o Corinthians aparece no caminho e o rio sai do curso natural. E 2027 vira miragem.
Abel sentiu, e muito, os xingamentos da torcida a seu nome após da derrota para o Corinthians.
“Há dois meses, antes do Mundial (de Clubes), estávamos em primeiro em tudo: no Campeonato Brasileiro, na Libertadores, mas é estranho que quando chegas depois do Mundial que fizeste, começas a sentir que andasse a tentar criar assuntos e dizer que o Mundial foi um desastre”.
É esse o ponto de inflexão. Como a casa pode cair se os alicerces estavam intactos há dois meses?
Na “cabeça fria” de Abel o trabalho estava no caminho certo apesar de perdas irreparáveis – saída de Estevão e Richard Ríos e afastamento de Paulinho por nova cirurgia na canela.
A remontagem do time seria leve mesmo com alguns resultados insatisfatórios na travessia.
Tudo normal até chegar o clássico contra o Corinthians valendo vaga apenas às quartas de final e não decisão de título da Copa do Brasil.
Abel não encarava o Derbi como um divisor de águas, mesmo após a derrota (1 a 0) na casa corintiana com clara intervenção da arbitragem do VAR.
Em vez de cobrar raça, desrespeitar jogadores com cestas de Nutella e pedir faca nos dentes no jogo da volta no Allianz Parque, Abel imaginava indignação da torcida contra arbitragem e apoio incondicional a seus atletas.
Abel queria se sentir mais valorizado por uma derrota que, na cabeça dele, foi injusta. Gostaria de ver sua gente incentivar os jogadores em vez de pedir sangue. E a ele mesmo.
Até por isso se incomodou e não encontrou meios de reorganizar o time em menos de uma semana para o jogo da volta na casa verde.
Sensação dominante diante da cobrança da torcida pré-jogo era de que seu time é formado por um punhado de palermas, sem brio.
Abel não pensava nem pensa assim. Não aceitava essa avaliação dos torcedores. E não teve como reverter o cenário de descrença dos torcedores em relação a seus jogadores.
“Mas entendi perfeitamente a cobrança (xingamentos da torcida). Cabe a nós perceber o que queremos. Se é continuar a colocar lenha na fogueira ou deixar que ardam nos próximos dias e continuar a pedalar que é o que fazemos e no momento certo fazer o que for melhor pro Palmeiras”
Sinceramente, não é a altura certa para pensar nessa última parte (sobre o futuro), o que é o melhor para o Palmeiras, não é o momento certo”.
E se explica:
“Acho que estamos a fazer uma análise muito em cima do momento, mas entendo as críticas que nos passam agora. Se nos lembrarmos que antes do jogo do Flamengo (derrota no Allianz antes do Mundial) estávamos em primeiro no campeonato, em primeiro na Libertadores, fomos à final do Paulista, tínhamos ganho três ou quatro Paulistas seguidos. Saídas e entradas, vendas, mais de 20 jogadores. E sempre fomos conseguindo organizar a equipe”.
“Agora, quando se fala em cima de um Dérbi, eu disse aos jogadores, a fogueira está aí a arder. Acredito que muita gente queira continuar a colocar lenha na fogueira, mas vamos continuar fazendo o que sempre fizemos, não altero uma vírgula do que disse. É uma equipe jovem mas com maturidade também, tem muito potencial e nosso intuito é tirar esse potencial” – Palavras de Abel Ferreira.
Até o jogo de domingo contra o Ceará a certeza é pela permanência no comando do Palmeiras.
Depois deste domingo, seja qual for o resultado da partida, se terá uma noção mais clara do futuro de Abel.
Vamos ver o que vai prevalecer: a cabeça fria ou o coração quente.






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