A queda do senador Romero Jucá no governo interino de Michel Temer pode alcançar a CPI do Futebol, instalada ano passado no Senado para investigar a CBF. Jucá era o relator dessa Comissão Parlamentar de Inquérito e aliado do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, um dos investigados pelos senadores.
Na condição de Ministro do Planejamento do interino Temer, Jucá estava licenciado do Senado. Mas continuava como ator influente nos destinos da CPI. Com a saída do governo interino, seu destino é incerto.
Neste momento é difícil prever o futuro de Jucá, depois do furo da Folha com a revelação das explosivas gravações das manobras com o ex-senador Sergio Machado para deter o avanço da operação Lava Jato. Seu colega de bancada, Delcidio do Amaral, também acusado de interferir na Lava Jato, foi preso, depois solto, e agora cassado pela Comissão Ética do Senado.
Se Jucá sair de cena, a ala da CPI favorável a uma investigação profunda na CBF ganha força. Estão nessa barca o presidente da comissão, Romário(PSB-RJ), e Randolfo Rodrigues (Rede/AP), suplente da relatoria.
Romário e Randolfo têm contra seus atos a Bancada da Bola, maioria dos parlamentares na CPI. E, na última sessão, Romário perdeu uma batalha para o presidente do Senado, Renan Calheiros, que atuou como “juiz” anulando a sessão da CPI, que havia aprovado a convocação de Del Nero e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Renan Calheiros (PMDB-AL) atendeu a um apelo de Romero Jucá (PMDB-RR) para barrar a ida de Del Nero e Teixeira à CPI. Furioso com a manobra de Renan, Romário descascou para cima de Renan nas redes sociais. E parou aí.
A próxima reunião da CPI do Futebol está prevista para 26 de junho. A última foi realizada no dia 4 de abril, 13 dias antes da Câmara dos Deputados votar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Naquela reunião havia sido aprovada a convocação de Del Nero e Ricardo Teixeira.
Com Jucá enfraquecido e Renan no meio do furacão da crise política, Romário tem uma boa oportunidade para dar continuidade às investigações na cúpula instalada no poder do futebol brasileiro há “milênios”.
No governo Dilma Rousseff, Romário teve suporte para ir em frente com a CPI. Acontece que o ex-jogador votou favorável ao impeachment de Dilma.
Vamos aguardar a próxima reunião da CPI, dia 26 de junho, para entender se a CBF vai ou não ser investigada para valer. Lembrando que o prazo da conclusão dos trabalhos está previsto para agosto. Romero Jucá fez uma tentativa de antecipar o encerramento da CPI para o fim de junho, antes do recesso do Congresso.
As boias foram lançadas ao mar.