Romário cai na armadilha do PMDB e se enfraquece na luta contra a CBF

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Romário na sessão do impeachment da presidenta Dilma Rousseff

O senador Romário (PSB-RJ) acaba de se posicionar a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Evidente que o ex-jogador sabe muito bem que o PMDB, do senador Romero Jucá, relator da CPI do Futebol, vai virar ministro de Michel Temer. Jucá é aliado do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Romário vai ficar, se é que já não está, sozinho nessa sua batalha contra a CBF que, para ele, é questão de honra.

Craque no campo, Romário ainda é um aprendiz de político. Instalou a CPI do Futebol no ano passado, embalado pelas ações da Justiça dos EUA e FBI contra cartolas da Fifa, para limpar o futebol brasileiro dos dirigentes corruptos. Imaginou o ex-jogador que, na onda de prisões mundo afora de dirigentes, seria fácil seguir o mesmo caminho no Brasil.

Ao ver o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, enjaulado pelo FBI, entendeu que poderia levar o atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, e outro ex, Ricardo Teixeira, também para trás das grades.

26817737675_48f693260f_mNão percebeu que ao seu redor na CPI havia um punhado de parlamentares ligados ao futebol brasileiro e, mais do que isso, aproveitadores do dinheiro fácil que o mundo da bola gera em todos os rincões. Se deparou com a fortíssima Bancada da Bola, sempre disposta a fazer todas as concessões à CBF. Bancada essa de ferrenha oposição ao governo Dilma. (foto: Romário e Zezé Perrella, senador e ex-presidente do Cruzeiro)

Marco Polo sabia muito bem que teria problemas com os políticos quando a presidente Dilma resolveu criar o Profut, uma tentativa de sanear as dívidas fiscais dos clubes e reorganizar a gestão do futebol. O Profut, em um de seus objetivos, também permitia aos clubes diminuir o poder da CBF no controle do futebol brasileiro.

Por isso, o presidente da CBF decidiu se cercar de políticos experientes como Walter Feldman, ex-aliado do PSDB, PSD e Rede. Feldman virou secretário-geral da CBF, o segundo cargo na hierarquia da entidade, sem ter a mínima vivência com o futebol, mas com trânsito livre no mundo da política.

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Romário ao lado de Magno Malta (PR-ES) no Senado

Del Nero também distribuiu cargos a parlamentares do PMDB e outros partidos que, com a queda de Dilma, vão se fortalecer no Congresso. Não por acaso, o comando da CBF comemora a saída da presidenta.

Romário preferiu ficar do lado deles ao ser favorável ao impeachment da presidente da República. Vai ter de driblar muitos políticos, mais do que nos seus tempos de jogador, para conduzir a CPI do Futebol contra a CBF e por um futebol limpo.

Iludir zagueiros caneludos e beques de fino trato com a bola, Romário tem certeza, era bem mais fácil.