Barcelona vai ter de tirar uma diferença de três gols contra a Juventus no Camp Nou para entrar nas semifinais da Champions League. Não é uma tarefa simples. Nem adianta recorrer à virada, remontada como eles dizem na Espanha, em cima do PSG para dizer que sim, é possível.
Naquele jogo nas oitavas de final, a camisa do time francês tinha o peso de uma pluma, agora o Barça terá pela frente uma camisa de envergar varal. “Vencer uma defesa de italianos por mais de três gols não é para qualquer um”, disse Zico. Em nove jogos da Champions, contando o desta terça-feira e Turin quando derrotou o time de Messi por 3 a 0, a Juve só levou dois gols. Daí se pode concluir o tamanho da encrenca que o Barcelona se meteu ao cair de três no jogo de ida na Itália.
Muitas diferenças separam o confronto diante do PSG e desse contra a Juve. Quando levou aquele sabugo de 4 a 0 em Paris, o técnico Luis Enrique teve quase 15 dias para repensar o time, recompor as forças e animar sua gente a transformar o Camp Nou num caldeirão fumegante. Teve tempo e competência, sem falar na generosa colaboração do acovardado PSG.
Contra a Juventus, o treinador terá apenas uma semana, se tanto, para reordenar as peças e buscar inspiração no histórico 6 a 1. Não é tão simples assim. O time italiano já deixou claro com essa estrondosa vitória por 3 a 0 como sabe se defender e ao mesmo tempo ser letal no ataque. Um exemplo foi a forma como encaixotou Messi, sempre com três a quatro marcadores no seu encalço. Ou como dobrou a marcação em cima de Neymar, com Cuadrado e Daniel Alves. E mais ainda o esquema com duas linhas bem próximas, prendendo os laterais brasileiros Daniel e Alex Sandro no campo defensivo, a inibir a troca de passes do Barcelona que costuma corroer as defesas inimigas.
Quase perfeito ao amarrar o adversário com um nó bem apertado, a Juve exibiu também o alto índice de letalidade de seu ataque. Aí somos obrigados a falar de Dybala, argentino baixinho como Deus Messi, capaz de fulminar Ter Stegen com dois tiros secos, aos 7 e aos 22 minutos do primeiro tempo. Neste intervalo entre um gol e outro, Iniesta desperdiçou uma bela chance ao receber passe de sinuca de Messi e chutar imaginando que Buffon não estaria ali à sua frente. O problema é que Buffon estava presente e evitou o gol.
Por falar em Lionel Messi, ele fez quase tudo que estava ao seu alcance em busca de um gol salvador. Faltou melhor companhia. Neymar, a ousadia a serviço do Barça e uma facilitador das tarefas de Messi, além de bem marcado vivia pressão de ter sido expulso contra o Málaga e com gancho que o tira do clássico contra o Real Madrid. Quando Neymar se inibe, sua fantasia vira um traje comum.
Bom para a Juventus que ainda fez o terceiro gol com o zagueiro Chiellini, de cabeça, em cobrança de escanteio, aos 9 minutos do segundo tempo. Esse terceiro gol fez diminuir o apetite do time italiano. Dali para frente, a ideia era não se deixar iludir com o jogo despretensioso do Barça e sofrer um gol fatal. Conseguiu. E vai chegar ao jogo da volta no Camp Nou com autoridade e com um aviso pronto: não somos o PSG.
É bom mesmo a Juve pensar assim. Mas é perfeitamente compreensível também que seus jogadores sintam um friozinho na altura do estômago. E se os caras de azul-grená repetirem a dose?