Palmeiras não vai longe se insistir que Libertadores é guerra

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Palmeiras comete um erro quando aceita a premissa de que Copa Libertadores é tradução perfeita de guerra. Ao admitir esse conceito, faz de seus jogos batalhas desnecessárias. Usa a força, ansiedade e muito suor quando poderia se impor pela técnica e alta qualidade de seus jogadores, sem se deixar levar pelo anti-futebol dos adversários. Sofre quando deveria ter prazer. A vitória por 3 a 2 contra o Peñarol, nesta quarta-feira, teve tudo isso e ainda um desgaste absurdo diante da incompetência da arbitragem em todos os sentidos.

Desde o início dessa edição dessa Libertadores, o Palmeiras sabia que este Peñarol de hoje não tem como prioridade jogar um futebol limpo. Consciente de seus limites técnicos, é um time que gosta do jogo físico, da conversa, da provocação e da bola aérea. Um time com boa leitura do adversário, com noção exata do que é preciso fazer para desmontar e desmoralizar o oponente. Usa de jabs o tempo todo, bate no fígado e lança palavras duras ao vento, mesmo que de cunho racistas como Felipe Melo ouviu, até desestruturar o rival.

Palmeiras caiu nessa lorota, em especial no primeiro tempo. Em nenhum momento se mostrou superior ou teve consciência de que não deveria seguir por esse caminho. Quando mudou a chave no segundo tempo, virou o placar. Colocou a bola no chão, deu velocidade ao seu jogo, envolveu o inimigo como quis. Esteve muito perto de abrir três gols de vantagem e liquidar a fatura antes mesmo de o time uruguaio recobrar os sentidos, ali por volta dos 15 minutos.

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Como desperdiçou um pênalti com Borja, perdeu outros dois gols feitos com Willian e Tchê Tchê, se deixou enroscar novamente no jogo sujo do Peñarol. E se complicar ainda mais a cada bobagem cometida pela arbitragem, um colegiado de incompententes. Esgarçou os nervos além da conta. Poluiu a cabeça e deixou de ter soluções, apenas muita entrega e muito suor típico daqueles que não se deixam abater nunca. Conseguiu o gol redentor mais uma vez ali no limite extremo do cronômetro.

Se insistir nessa toada de que Libertadores é guerra, jogo viril, pode se decepcionar mais cedo do que pensa. Em vez abraçar essa causa, poderia mergulhar na história da campanha do Atlético Nacional de Medellín, campeão de 2016 com futebol de excelência e traje a rigor.