Luiz Antonio Prósperi – 15 junho – (1h30)
Final da Copa América 2024 não tinha o direito de ser mais uma decisão comum de campeonato. Havia algo mais a ser discutido em Miami. Era o jogo mais importante da história da Colômbia e aquele a confirmar a hierarquia da Argentina, campeã do mundo e detentora da taça da América. Ao fim de 120 minutos – 90 regulamentar e 30 de prorrogação –, Lautaro Martinez faz 1 a 0 e decreta o bi da Argentina na Copa América.
Tudo começa dentro de um caos total no acesso ao Hard Rock Stadium de Miami. Milhares de pessoas tratadas como gado no matadouro. Calor absurdo. Um país em comoção após atentado ao ex-presidente Donald Trump durante comício na Pensilvânia, sábado. Ambiente impróprio a um jogo de futebol, ainda mais final de uma Copa América fora da América do Sul e sediada nos Estados Unidos. Tudo contra a bola. E mais tarde, drama que leva Messi a uma infinidade de lágrimas.
O primeiro tempo reflete um pouco dessa atmosfera nebulosa. Colômbia, dois a três degraus acima da Argentina, cria ocasiões de gols. E sente falta de participação mais ativa de James Rodriguez.
Argentina se vê amarrada na boa marcação colombiana. Pouco incomoda goleiro Vargas. Di María, em tom despedida da seleção campeã do mundo, é quem mais comparece no ataque com investidas pessoais.
Messi também arrisca jogadas de efeito a serviço de sua trupe. Por pouco não faz um gol – bola desvia em Julien Alvarez. E a poucos minutos do fim do primeiro tempo, se enrosca com zagueiro Sanchez. Cai. Tornozelo avariado. Uma incógnita ao segundo tempo.
Balanço dos 45 minutos iniciais apresenta Colômbia com mais vontade de se impor e uma Argentina transpirando segurança, sem fome.
No intervalo do jogo, show relâmpago da artista colombiana Shakira dissipa nuvens da tensão. Quem sabe a final da Copa América 2024 entregaria mais futebol?

Para o bem da final da Copa, jogo volta a ser mais franco. Intenso. Troca de ataques. Argentina reclama pênalti em bola no braço de Arias. Colômbia responde com investidas mais ágeis em busca do gol.
Então chegamos ao divisor de águas da decisão. Aos 20 minutos, Messi sai do jogo. Tornozelo do pé direito condena o craque a deixar o gramado. Messi sai mancando, como se estivesse arrastando uma bola de ferro. Atira chuteira na grama. Senta-se no banco e chora doído como uma criança quando perde o brinquedo predileto. Multidão no colosso de Miami canta seu nome em uníssono. “Messi”, “Messi”, “Messi” ecoa em ondas no Hard Rock Stadium.
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Decisão fica mais crispada. Divididas fortes se repetem. Final passa a ser disputada em alta voltagem. Ninguém tem mais o direito de errar. Ambiente nas arquibancada perde em alegria, ganha em aflição. Messi continua chorando. Tornozelo vira uma bola de tão inchado. Diminuem as oportunidades de gol. E chegamos à prorrogação sem Messi e James Rodriguez, substituído por questões táticas e físicas.
Era a vez de os coadjuvantes ditarem rumo da decisão. Extenuados e sem cérebro, a correria e o acaso dariam a cor final à prorrogação. Nos 15 minutos, luta intensa. Argentina cresce e depois cede espaços à Colômbia, mas ninguém carimba as redes. Substituições a granel alteram por completo a configuração das duas seleções.
Restam 15 minutos para Colômbia escrever o jogo mais importante de sua história e a Argentina sustentar hierarquia de atual dona do mundo. Então Borja, aquele que foi do Palmeiras, perde gol da Colômbia por detalhe.
Resposta vem de imediato. Paredes recupera bola e serve Nico Gonzalez, substituto de Messi. Passe sai com precisão do craque até Lautaro Martinez. Sem perdão. Lautaro, artilheiro da Inter de Milão, pulveriza Vargas. Argentina 1 a 0, a 8 minutos do final da decisão.
Messi troca lágrimas por sorriso incontido. Di María, este sim chora ao ser substituído. Seu último ato com a camisa azul e branca. Estava tudo consumado.
E o Brasil nessa história? Lembra que todo jogo precisa de um juiz? Então o brasileiro Raphael Claus deu o apito final. Argentina bicampeã da Copa América.





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