Luiz Antônio Prósperi – 19 outubro (11h35)

Paulo Henrique Ganso costuma vestir fraque, camisa branca engomada, gravatas borboleta e sapatos de cromo alemão quando entra em campo. Seria essa a descrição no vocabulário mais antigo do futebol a exaltar o talento que um maestro apresenta nos jogos. Aliás, maestro também não cabe hoje em dia. Se Ganso é um regente, falta uma orquestra refinada a seu dispor.

Ganso, na verdade, joga bola como poucos. Seus passes, por mais corriqueiros que sejam, têm algo incomum. Suas descobertas a servir um companheiro, essas sim, destoam do mundo normal. Os que atuam a seu lado deveriam se benzer a cada lance por desfrutar de um jogador raro.

Quem entende que todos esses elogios soam exagerados, acompanhe os jogos do Fluminense com uma lupa no camisa 10 tricolor. Os movimentos, o olhar, os espaços que encontra entre o aglomerado de jogadores sem aura, o caminhar altivo.

Na quinta-feira (17/10), o passe de calcanhar por cima da defesa a quebrar espinhas dos zagueiros do Flamengo, até a bola chegar em Kauã Elias e dali servir Lima no gol do Flu, é de emoldurar. Quer dizer, quase ninguém hoje manda emoldurar uma obra-prima, seja pela escassez de obras-primas, seja pela falta de público a contemplar uma criação de gênio.

O calcanhar de Ganso serve mais às plataformas online. YouTube, Tik Tok, streaming e mais um punhado de redes sociais. Copie o link com acesso à disposição do mundo.

Sorte de Ganso que esse passe não se enquadra numa simples moldura.

Azar de Ganso que esse calcanhar e outras de suas criações com a bola nos pés não se multiplicaram ao longo da carreira como seria normal. Joelho avariado inibiu seu desempenho. Lesões múltiplas ceifaram instantes lúdicos quando se avistou a genialidade no Santos ao lado de Neymar nos idos de 2010.

Apesar dos remendos no joelho, Paulo Henrique Ganso se sustentou no futebol passando por Santos, Sevilla, São Paulo e Amiens (França) até chegar ao Fluminense. Aos 35 anos, continua encantando plateias.

No mundo animal, em vez de ganso ele seria um cisne, tamanha elegância e suavidade nos movimentos dentro de um campo de futebol repleto de tigres famintos.

reprodução imagem: pngtree

 

 

 


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