Luiz Antônio Prósperi – 28 maio (23h25) –
Um dia os meninos vão embora de casa. Completada maioridade, a hora é de bater asas. Aos 18 anos, Estevão se despede de sua gente. Joga última partida no Allianz Parque. Faz um gol, participação em dois gols de Flaco Lopez e sai aplaudido aos 15 minutos do segundo tempo substituído por Facundo Torres. Naquela altura, Palmeiras vencia o peruano Sporting Cristal por 3 a 0 na Libertadores. Aplaudido por pouco mais de 40 mil palmeirenses na arena. Tudo como num sonho de uma criança querendo ser jogador de futebol. Quando Estevão apareceu na casa verde, estava com 14 anos de idade. Chegava com fama de assombrar os mineiros com a camisa do Cruzeiro em que cabiam até dois Estevão. Era o Messinho. Franzino, canelas finas, sorriso largo, meias arriadas como os moleques gostam de usar, e um enorme talento com a bola nos pés. Eis Estevão no Palmeiras. Dois anos no time profissional, uma fieira de gols e passes para outros tantos, dribles desconcertantes, jogadas improváveis. Inevitável ser cobiçado pelas grandes potências da Europa. Coube ao Chelsea arrematar a prenda por uma montanha de milhões de euros. Vai Estevão, vai encantar o Velho Continente. Encantado na despedida em noite fria no quente Allianz, ainda sorriu ao golaço de Raphael Veiga e o primeiro de Paulinho com a camisa 10 do Palmeiras. E mais um, Facundo Torres fechando a conta. Palmeiras 6 a 0 Sporting Cristal. Ao final da história ou do primeiro capítulo de sua carreira, Estevão é abraçado por um a um de seus companheiros. Nas arquibancadas, cartazes simples escritos à mão: “Obrigado, Estevão”. E, não custa, “me dá sua camisa”. Um garoto, pouco mais novo que Estevão, recebe a camisa do jovem ídolo. Um abraço na criança. E lágrimas. Caminha ao redor do campo. Sem camisa, sem chuteiras, só de meias, estendendo a mão ao alcance de centenas de mãos de torcedores querendo um adeusinho. Um dia os meninos crescem e têm de ir embora de casa.
Despedida de Estevão





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