Luiz Antônio Prósperi – 18 julho (12h31) –
Palmeiras tem na mesa do técnico Abel Ferreira a minuta de renovação do contrato até dezembro de 2027. Cabe ao treinador português aceitar e autenticar o documento com sua assinatura. Esse é o desejo explícito da presidenta Leila Pereira. Por ela, Abel renovaria até o fim de seu segundo mandato no comando do clube – fim de 2027. Abel, parece, ainda não se decidiu. Para o bem do Palmeiras, o técnico português deveria permanecer dirigindo o time por pelo menos mais dois anos.
Parte expressiva da torcida nas redes sociais, veja bem, nas redes sociais, quer a saída de Abel.
Chamam-no de Pardal. Não pense que se trata do passarinho mais urbano e conhecido do Brasil. Ave pardal não tem canto fino de outros pássaros, gorjeia.
Pardal aí, atribuído pelos ditos torcedores ao técnico Abel, é de “Professor Pardal”, uma criação dos estúdios Disney de histórias em quadrinhos que remonta os anos 1950.
Professor Pardal era um inventor. E suas geringonças nunca funcionavam apesar da boa intenção do Pardal.
Abel Ferreira não é um Pardal.
Abel é um treinador muito qualificado. Tem sabedoria. Conhece futebol como poucos, apesar de novo na profissão. Em menos de quatro anos no Brasil transforma o Palmeiras em máquina de colecionar títulos. Dez conquistas.
Inventa sim novas fórmulas a dotar jogadores medianos em operários a serviço do time. Jogadores renegados a boleiros de fino trato.
Puxa da base um punhado de meninos a cada temporada. Valoriza as crias. Tem ganhos técnicos expressivos com os meninos no time de cima e proporciona ao Palmeiras arrecadar fábulas de dinheiro na venda dos garotos que mais se sobressaem.
Evidente que, por mais capaz que seja, Abel Ferreira não tem o poder transformador de levar o Palestra a conquistar taças e mais taças em todas temporadas.
Muito menos fazer o time jogar bem um ano inteiro, sem percalços ao longo dos campeonatos.
Abel é um técnico de futebol, não um mágico.
Nos quase quatro anos trabalhando no futebol brasileiro já deu mostras que pode ir mais longe.
Teve e tem coragem de expor mazelas de gestão do nosso futebol e organização de campeonatos.
Escreveu um livro onde conta, em minúcias, como levou o Palmeiras aos títulos de 2020 e 2021. Qual técnico brasileiro tem esse desprendimento e didática a contar como se faz o time campeão tão logo a temporada se encerra?
Voltando a 2025, é solar que o Palmeiras atravessa um momento difícil. Alicerces projetados por Abel para a temporada ainda não sustentam o time. Um deles, o menino Vitor Roque, se sente sem confiança. Paulinho vai à cirurgia. Raphael Veiga não vive a plenitude. Estevão já não mora mais aqui.
É claro, cristalino, que Abel ainda não reorganizou o time para a empreitada que se apresenta complicada já no fim do mês com as oitavas de final da Copa do Brasil, da Libertadores e de momento importante do Brasileirão.
Ah, mas Leila Pereira investiu meio bilhão de reais em reforços. Abel tem elenco qualificado e um dos mais caros do Brasil. Abel pediu todo mundo que está aí.
Sim, tudo isso é verdade. Tem um porém, como diria o professor Vanderlei Luxemburgo: “Futebol não é feito com uma varinha de condão que é só tocar e a mágica está feita. Futebol não é uma ciência exata.”
Abel Ferreira tem conhecimento, sabe como funciona o atual Palmeiras, entende o modo de vida do futebol brasileiro e tem meios para fazer o rio retomar ao curso natural.
Abel deveria renovar seu contrato até o fim de 2027. Para o bem do Palmeiras e do futebol brasileiro.
Pardais não cantam, gorjeiam.
Professor Pardal na IA






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