Luiz Antônio Prósperi – 16 agosto 2025 (13h10) –
Por trás do dinheiro, da fama, da idolatria, de jornadas e mais jornadas de todas quartas-feiras e domingos, a despertar júbilo e ódio nas multidões, existe um ser-humano. Não apenas um jogador de futebol com um número às costas na camisa.
Não raro é dominado por um sentimento. Seja na emoção por um gol, a vitória, a derrota ou por um lance fortuito nos 90 minutos de uma partida. Tempo para ouvir aplausos e elogios, também xingamentos e desaforos de rostos anônimos na imensa massa nos colossos dos estádios.
Muitas vezes cobram nervos de aço, corações frios e rigidez d’alma. Nunca se perguntam quem é e sim por que?
Não há espaço aos palermas, aos de pernas bambas, aos chorões. Pedem e exigem deles a honra às armaduras que vestem com as cores de seu time. E por isso não admitem que não se comportem como um homem de ferro, um ser robótico.
Em ambientes assim, por “séculos e séculos do futebol”, vem a curiosidade. O que diria essa gente que diz que ama esse esporte às lágrimas derramadas na sexta-feira (15/8)?
Marcos Rocha chora na despedida do Palmeiras depois de oito anos e 12 títulos conquistados no clube. As imagens nas redes sociais traduzem o sentimento na hora de ir embora. Troca a camisa verde e branca por uma nova nas cores preta, azul e branca do Grêmio.
Calejado, canelas marcadas do sofrimento, músculos avariados e regenerados ao longo da carreira, Marcos Rocha, 36 anos, tem direito a uma lágrima.
Do outro lado do Atlântico, o egípcio Mohamed Salah também chora. Ídolo inconteste do Liverpool, atacante se emociona após a vitória de seu time contra o Bournemouth na abertura da Premier League 2025/2026.
Lágrimas derramadas de Salah às homenagens ao companheiro morto Diogo J no acidente de carro com o irmão em julho na Espanha.
Quantas vezes Salah e Diogo J celebraram vitórias e lamentaram derrotas desde que se encontraram no ataque do Liverpool?
A imagem de Salah ao final do jogo, sozinho no centro do gramado do estádio a ouvir a multidão de vermelho cantar a canção “You’ll Never Walk Alone” (Você Nunca Vai Caminhar Sozinho), comove até o mais cético dos amantes ou não do futebol.
Naquele momento ali, Salah caminhava sozinho. Talvez, não. Tinha a companhia das lágrimas em seus olhos.





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