Luiz Antonio Prósperi – 8 novembro 2025 (14h31) –
Cenas patéticas de Oswaldo de Oliveira e Emerson Leão a insistir na reserva de mercado de técnicos brasileiros contra estrangeiros dominam a semana. Repercutem não apenas no Brasil. Entram no debate em alguns países europeus. Até porque as bravatas de Oswaldo e Leão se deram ao lado do italiano Carlo Ancelotti em um palco armado na sede CBF. Ancelotti é o atual técnico da Seleção Brasileira, de contrato assinado até o fim da Copa do Mundo de 2026. Como se sabe há duas décadas, Carletto figura com destaque na galeria dos treinadores mais famosos do futebol europeu, de alto prestígio no cenário internacional. Oswaldo e Leão primaram pela deselegância naquele encontro de técnicos na CBF. Inoportunos. Inconvenientes. Os dois não se declaram aposentados. Portanto, ainda esperam nas franjas do mercado por uma nova oportunidade de trabalho.
Diante da gritaria de Oswaldo e Leão há quem lhes confere razão ou, por outros caminhos, não aprovam um estrangeiro no comando do escrete. Bradam aos quatro cantos que nenhuma seleção foi campeã do mundo com um treinador estrangeiro. Remontam todas as Copas, de 1930 no Uruguai a 2022 no Catar. Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Inglaterra, o seleto grupo de campeões do mundo, levantaram as taças com técnicos nacionais. Está na história do futebol. Mas quem disse que não se possa reescrever essa história?
Futebol hoje é um colosso econômico. Vive intercâmbios comerciais como grandes potências tocam suas economias. Não há nacionalismo que resista a esse capital. Nem muitas regras a inibir o ir e vir de profissionais da bola. Torna-se inútil rejeitar um treinador estrangeiro no comando de seleções nacionais. Para ficar apenas no quintal do Brasil, o brasileiro Otto Glória dirigiu Portugal na Copa do Mundo de 1966. Felipão comandou Portugal na Copa de 2006 após ter sido campeão com o Brasil em 2002 na Coreia do Sul e Japão. Carlos Alberto Parreira, campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 94, esteve à frente de seleções do Mundo Árabe e foi o técnico da África do Sul na Copa de 2010 na África do Sul. Que mal tem nisso?
Não temos tempo nem espaço para retrocessos. Não vivemos em um botequim, território livre de paixões futebolísticas. Nem precisamos de arroubos nacionalistas. Vivemos a expectativa de que um treinador italiano venha nos salvar da mediocridade de últimos ciclos de Copas do Mundo. Ancelotti é a realidade de 2025. E toca o barco.
Se temos respeito por Carletto, também estamos livres para soar as cornetas. Inevitável. No caso, podemos cobrar do italianinho a insistência nos veteranos Danilo e Alex Sandro, de histórico de lesões e incertezas nas duas últimas Copas do Mundo; na permanência de Richarlisson entre seus eleitos; nos murros em pontas de facas ao apostar nos goleiros Bento e Hugo Souza e outras barbaridades de sua última convocação do escrete.
E não será a gritaria destemperada de Oswaldo e Leão a comover Ancelotti a rever algumas de suas teimosias. Até porque, naquele palco na CBF, Carletto sorria um sorriso escondido como se fosse mais um espectador na plateia diante daquela cena circense.





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