“Às vezes o pego chorando. Ele tenta demonstrar força, do tipo ‘está tudo bem’, mas percebo o quanto está sofrendo. Meu filho não quer mais ir aos treinos. Voltou à escola terça-feira (21/10), com medo. E eu o entendo, o esporte não é para machucar assim. Não preciso que se torne jogador para sustentar a casa. Vou pedir para dar baixa no registro dele do Corinthians (onde joga futsal)… “Não acredito que tomarão medidas, mas espero de coração, que seja a última criança a sofrer com isso no futebol”, depoimento da mãe de um menino de 12 anos, jogador do time Sub-12 do Manthiqueira, de Guaratinguetá (SP), ao jornal Folha de S. Paulo. O garoto foi vítima de racismo no Estádio Municipal Professor Dario Rodrigues Leite em Guaratinguetá, domingo (19/10), ao ouvir de uma mãe de um menino do time rival gritar assim: “Preto filho da p… sem família”. Ao ouvir os insultos da mulher, o menino de 12 anos se sentou no gramado e, chorando muito, relatou ao árbitro do jogo o que tinha ouvido da mulher. O juiz acionou o protocolo antirracismo. Jogo paralisado. E uma mulher, de 41 anos e autora dos insultos, foi identificada e presa. Levada à Cadeia Pública de Lorena (SP), ela passou por audiência de custódia. Depois de adotada medidas cautelares, ganhou liberdade provisória concedida pelo Tribunal de Justiça de SP. O jogo entre Manthiqueira x Corinthians era de uma rodada do Campeonato Paulista Sub-12, para meninos de 11 a 12 anos. A família do menino que sofreu o racismo é de Guarulhos na Grande São Paulo. O garoto joga futsal no Corinthians e futebol de campo no Manthiqueira de Guaratinguetá. “Estou enojado por saber que um jogador de 12 anos sofreu ofensas racistas de uma torcedora..”, disse, quinta-feira (23/10), em suas redes sociais o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

“A absolvição dos acusados, sob o argumento de que não se conseguiu individualizar condutas técnicas ou provar nexo causal penalmente relevante, renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas. A decisão judicial, ao não reconhecer a responsabilização penal, representa uma falha grave do sistema de justiça em seu papel pedagógico – e como tal, reforça em nós o dever de mobilização civil para fortalecer os mecanismos de fiscalização, transparência e responsabilidade em espaços de formação de jovens. A absolvição dos acusados representa uma grave afronta à memória das vítimas e o sentimento de toda a sociedade”, diz o comunicado da Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu – entidade de pais, mães, irmãos e familiares dos dez garotos mortos no incêndio no Centro de Treinamentos do Flamengo em janeiro de 2019. Absolvição de sete réus do caso se deu na quarta-feira (22/10) por decisão da Justiça do Rio de Janeiro. Entre os absolvidos estão funcionários, diretores do clubes e até Eduardo Bandeira de Melo, na época presidente do Flamengo. Os meninos mortos no incêndio no Ninho do Urubu tinham entre 14 e 16 anos de idade.

Endrick, 19 anos, ainda não jogou um partida oficial pelo Real Madrid na atual temporada do futebol europeu que começou no fim de agosto 2025. Contratado do Palmeiras por um valor fixo de 33 milhões de euros (R$ 199 milhões), em dezembro de 2022, o garoto é apontado como um dos craques precoces do futebol brasileiro. Estava no Palmeiras desde quando tinha 11 anos. Seu pai, sem nenhum dente na boca, foi contratado na época para ser faxineiro do clube. Endrick jogou até 2023 no Palmeiras e partiu rumo ao Real Madrid quando completou 18 anos em julho de 2024. Sem espaço no Real Madrid, Endrick, segundo disse a imprensa espanhola e brasileira na quarta-feira (22/10), pode ser emprestado a outro clube a partir de janeiro de 2026.

Pelé, morto em dezembro de 2022, completaria 85 anos nesta quinta-feira (23/10/22025). Maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé foi o primeiro menino do Brasil a encantar o mundo. Aos 17 anos teve participação decisiva na conquista da Copa do Mundo de 1958 na Suécia, a primeira das cinco taças da Seleção Brasileira.

Se Pelé tivesse 17 anos hoje, em outubro de 2025, poderia ter sido uma das milhares vítimas de racismo no futebol brasileiro. Poderia ter sido uma das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu. Poderia ter sido um garoto como Endrick vendido por uma fortuna ao maior clube do mundo com sede na Europa.

Pelé é um menino do Brasil que venceu. Muitos meninos estão por aí querendo ser igual a ele.

Pelé garoto no Santos
Pelé menino no Santos – foto: acervo Santos

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