
Barcelona não cede Neymar para a Copa América Centenário nos Estados Unidos, Tite diz não à CBF e Dunga e Gilmar Rinaldi desprezam criação de academias de futebol que revolucionaram o futebol na Alemanha.
Estacionada na sexta posição das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, a Seleção Brasileira vive uma grave crise. Não só pelo fraco futebol, como também no comando. Dunga, o técnico, e Gilmar Rinaldi, o diretor, perderam credibilidade e estão nas mãos de Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da CBF.
A rigor, De Nero nem deveria mais dar as cartas na entidade. Investigado pelo FBI e Comissão de Ética da Fifa, o cartola corre risco de ser banido do futebol – sem falar na CPI do Futebol no Senado do Brasil, onde ele goza de “simpatia” dos parlamentares. Uma vez banido, todos os seus atos como dirigente de futebol seriam anulados.
Enquanto a sentença final não vem, Del Nero continua com as rédeas da CBF e, por tabela, da Seleção. Astuto e ligado ao futebol há mais de 30 anos, ele sabe que precisa de dar um jeito de a Seleção voltar a agradar torcedores, patrocinadores e TV Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos do escrete e da maioria dos campeonatos no Brasil.
Uma saída rápida e fácil seria demitir Dunga e Rinaldi e trazer Tite, do Corinthians, hoje uma unanimidade nacional. Acontece que, sondado por gente ligada a Del Nero, Tite teria dito não a um eventual convite. Nem o treinador nem o dirigente confirmam as sondagens Tudo o que Tite tem dito é que “acabaram os boatos” e ele não deixará o Corinthians.

“Parabenizo o Tite por ter dito não. Ele é uma pessoa inteligente e sabe o momento que a CBF vive. O Tite, diferentemente do Dunga, não passaria por essa vergonha de ser cobrado por um ex-presidente da CBF. Desde que o Dunga voltou eu fui contrário, é um treinador que não faz bem ao futebol. A Seleção joga cada vez pior”, disse Romário à ESPN.
Sem Tite, Del Nero não tem a quem recorrer para acalmar os que bancam e ganham dinheiro com a CBF.
Vai sustentar Dunga e Rinaldi pelo menos até a Copa América Centenário, em junho nos Estados Unidos. Se a Seleção jogar mal e não convencer, adeus Dunga e Rinaldi. E, para jogar bem e reconquistar a confiança perdida, o comando da Seleção gostaria de contar com Neymar. E aí tem outra encrenca.
O Barcelona, por meio de nota oficia à CBF, disse que não libera Neymar para duas competições – Copa América Centenário, em junho, e Olimpíada, em agosto. Diz o Barça que o jogador não teria férias e chegaria em setembro, abertura do calendário europeu de futebol, no bagaço.
Dunga e Rinaldi querem o craque nas duas competições e vão insistir até o final. Patrocinadores da Copa América e Globo gostariam de ver Neymar na competição – bom lembrar que o jogador tem contrato especial com Nike, e a empresa norte-americana seria agraciada com a presença de Neymar em ação no solo americano.
Enquanto discutem o caso Neymar, que tem jogado uma bolinha bem pequenininha na Seleção, Dunga e Gilmar foram convidados a estudar uma proposta de reformulação do futebol de base (dos garotos) no Brasil seguindo um modelo que revolucionou o futebol da Alemanha.
Trata–se de um “Comitê de Academias”, esse é nome do projeto adotado na Alemanha, apresentado a Dunga e Rinaldi pela “Double PASS”, empresa de consultoria da Bélgica, contratada pela Liga de Futebol Alemão (DFL, em alemão), para avaliar o desenvolvimento do projeto das categorias de base nos clubes da Bundesliga.
Dunga e Gilmar não se interessaram pelo projeto.
Veja o documento da DFL que ilustra um pouco como funciona o projeto revolucionário no futebol de base da Alemanha:
Esse “fac-simile” foi retirado do livro “mundo afora, planejamento e gestão do futebol”, uma coletânea de um precioso levantamento feito Ministério de Relações Exteriores do Brasil, editado no fim de 2015 – portanto um ano depois do 7 a 1 para a Alemanha – com modos de gestão de clubes e confederações importantes de todo o mundo.
Os interessados na obra, podem consultar o http://www.dc.itamaraty.gov.br/publicacoes. É bem provável que um volume deste livro esteja em uma das gavetas da CBF.
Dunga e Rinaldi poderiam ter lido esse livro antes mesmo de receber agentes da Double PASS na sede da CBF. Ali está bem fundamentada a base da revolução do futebol da Alemanha.
Já perdemos de 7 a 1 na Copa de 2014, não custa nada entender um pouco o que os alemães fizeram até aplicar a goleada. Os dois comandantes da Seleção, parece, não estão nem aí com o estudo.
Por tudo isso é difícil entender o motivo dos últimos sorrisos de Dunga e Rinaldi. Onde está a graça?
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