
A boa notícia do futebol europeu vem do Condado de Leicestershire, região central da Inglaterra. Ali está encrustada a cidade de Leicester, 330 mil habitantes (dados de 2011), a 159 km de Londres. Neste município, há 132 anos, foi fundado o Leicester City nas cores azul e branca. É este pequeno clube que tem assombrado o futebol inglês e europeu por estar muito perto de ser o campeão da Premier League 2015/2016.
Antes de a temporada começar ninguém apostava um vintém no Leicester. Tem-se a notícia de um apostador maluco que jogou suas fichas no time e, com certeza, vai faturar um bom punhado de libras.
Quem apostou para valer no clube azul foi o magnata tailandês Vichai Srivaddhanaprabha, detentor do monopólio duty-free na região de Bangkok e dos dois principais aeroportos do país. A Fortuna de Vichai é estimada em R$ 10,7 bilhões. Com essa “micharia” no bolso, o ricaço comprou o Leicester City em 2010.
Quando o tailandês comprou o clube, o time lutava contra o rebaixamento na Premier League. Vichai não estava preocupado com a eventual queda de divisão. Ele estava de olho também no bom dinheiro que o futebol inglês rende aos seus investidores. Não por acaso, 11 dos 20 clubes da Premier League pertencem a grupos estrangeiros, entre russos, norte-americanos, árabes, indianos e alemães.

Para se ter ideia da grana que gira no futebol da Inglaterra, a receita da Premier League, com venda de direitos de televisão doméstica e internacional, superou a casa dos 3,1 bilhões de libras. É por isso que os investidores correm atrás de clubes pequenos para aumentar suas fortunas.
Dentro de campo, o Leicester faz campanha impecável. Líder, com 72 pontos, sete a mais que o segundo colocado Tottenham – outro clube médio da Inglaterra. O time está a três vitórias de ser o campeão, a cinco rodadas do fim do campeonato. E, acreditem se quiser, o Leicester já tem vaga garantida na Champions League de 2016/2017.
O time é dirigido pelo veterano treinador italiano Claudio Ranieri, que, de “aposentado” pelos críticos, virou candidato número um para assumir a Seleção Italiana. O herói do time é o atacante Vardy, de 29 anos, que até 2012 jogava na quinta divisão inglesa. Com a proeza no Leicester, o artilheiro dos azuis já chegou na Seleção da Inglaterra.

Para quem acompanha o futebol inglês, o fenômeno Leicester não é uma novidade. Mas é bom ressaltar que não se faz milagres em clubes pequenos. Quando a boa administração se a une a um bom investidor, o sucesso está garantido. O Leicester não seria nada sem a grana do magnata tailandês Vichai.
No futebol paulista, essa teoria pode ser comprovada com uma rápida análise dos clubes classificados para as oitavas de final do Paulistão. Tirando os quatro grandes – Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos -, os quatro pequenos que garantiram vaga – Audax, Red Bull Brasil, São Bento e São Bernardo – são exemplos da união grana + gestão.
O Audax foi criado pelo Grupo Pão de Açúcar, do empresário Abilido Diniz, e depois foi vendido a Mário Teixeira, presidente do Bradesco. O Red Bull Brasil, localizado em Campinas, e da empresa de energéticos Red Bull. O São Bento deu uma guinada em 2012 com uma gestão profissional. E o São Bernardo seguiu essa mesma linha.
A façanha do Leicester e um pouco do que praticam os quatro clubes paulistas Audax, RB Brasil, São Bento e São Bernardo dão uma esperança aos pequenos que podem se tornar grandes do futebol. Mesmo que por uma mísera temporada.
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