Treinador inovador, e para muitos um gênio, sai eliminado com o Bayern Munique na semifinal diante do Atlético de Madrid, do lutador e sangue quente Diego Simeone

Guardiola ficou a um passo de voltar à final da Champions League. Pela terceira vez estacionou com o Bayern de Munique nas semifinais. Parou diante do Atlético de Madrid, do irascível Diego Simeone, na sua última temporada no comando do time alemão. Venceu o jogo por 2 a 1 no Allianz Arena, quando deveria ter vencido por no mínimo 3 a 1.
Sem Guardiola, a final do maior torneio de clubes do mundo perde um pouco da graça. Pior, vai abrir espaço a um treinador como Simeone, entusiasta dos duelos de gladiadores ao futebol suave e imponente como a própria valsa da Champions clama.
Há quem goste de times como o do Atlético de Madrid, que, de tempos em tempos, surgem e subvertem a ordem do futebol bem jogado.

Na partida desta terça-feira, o Bayern estendeu seu domínio no primeiro tempo. Alugou o campo do Atlético sem cerimônia. Em muitos momentos, esteve até com dez jogadores no território inimigo. Deixou claro que não abriria mão do controle do jogo, com uma posse de bola estimada em 68% a 32%.
Mais importante do que estabelecer a hierarquia na sua arena era mostrar ao mundo sua vocação de atacar contra um oponente moldado a se defender. Cumpriu com essa vertente sem ser incomodado, bem ao gosto de seu mentor Pep Guardiola. De saída do Bayern, o técnico catalão fez valer seus conceitos na corrida por vaga à final.
E deu gosto de ver o Bayern amassar o Atlético. Com troca de passes, invertendo de lado e com Xabi Alonso de regente, sufocou o time de Diego Simeone. Criou pelo menos quatro boas chances de gol.
Fez um, com o espanhol Xabi cobrando falta, e esteve perto do segundo na cobrança equivocada de pênalti por Thomas Muller em defesa de Oblak. No final das contas, a vantagem mínima no placar nos primeiros 45 minutos caiu do céu para o Atlético.
No segundo tempo, Simeone voltou com Carrasco no lugar de Fernandez na tentativa de dar mais força, velocidade ao ataque da esquadra espanhola e explorar as costas de Lhan. Avançou um pouco suas peças e ficou à espreita de um erro do Bayern.
Deu certo. Um bote errado do time alemão e Fernando Torres deixou Griezmann cara a cara com Neuer. Não deu outra. Gol do atacante francês, aos 8 minutos. Aumentava o drama do Bayern, obrigado a fazer dois gols para chegar à final da Champions. Tempo havia. O problema era não perder o controle emocional e se desdobrar ainda mais.

Fiel ao seu estilo e ao seu criador, o time alemão insistiu nas trocas de passes, com certa parcimônia, e conseguiu o segundo gol, antes dos 30 minutos, com Lewandoski, aproveitando uma assistência de Vidal. Ainda dava.
Dois minutos depois, Fernando Torres sofre pênalti de Martínez, na verdade fora da área. Torres bate com displicência e Neuer rebate. A defesa de Neuer encheu de sangue as veias do Bayern. E o time alemão foi lá martelar a defesa espanhola.

O jogo ficou dramático e emocionante. De um lado um Bayern exasperado e um Atlético rebatedor. O time alemão martelou muito, chutou uma enormidade ao gol, mas nem com uma marreta conseguiria quebrar o muro erguido por Simeone.
No fim, 2 a 1. A maldição continua. O Bayern, sob o comando de Guardiola, caía pela terceira vez consecutiva em uma semifinal da Champions diante de um adversário espanhol nas últimas três temporadas – Real Madrid (2014), Barcelona (2015) e, nesta terça-feira, o Atlético Madrid. A maldição continua.
Ruim para o futebol que parece viver uma temporada consagradora de times moldados a se defender, sem beleza plástica, e de muito sangue e suor. Leicester e agora o Atletico Madrid não têm nem de longe a sutileza do futebol arte.
