
Futebol é inexplicável e imprevisível. Fica mais evidente ainda em jogos de peso, como este marcado com a vitória por 1 a 0 do São Paulo contra o Atlético-MG, no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores, nesta quarta-feira (11/5). Gol de quem? De Michel Bastos, até pouco tempo um renegado pelos torcedores do Tricolor.
Recuperando-se de uma lesão muscular, ele não deveria jogar, mas ficou no banco de reservas. Entrou aos 18 minutos do segundo tempo e, aos 34, fez o gol consagrador. Não custar alertar que, pouco antes de entrar no jogo, Michel foi aclamado pelos torcedores nesta noite de recorde de público na temporada, com 61.297 pagantes no Morumbi. Entrou e decidiu.
Com este resultado, o São Paulo reverteu o favoritismo dado ao Atlético-MG e joga por um empate na próxima quarta-feira em Belo Horizonte.
Do outro lado, a derrota do Atlético cai como um castigo a um time que se preocupou só em se defender e, de vez em quando, beliscar um contra-ataque muito mal articulado. Quem pensa só na defesa, tem de ser impecável. E o time de Minas esteve muito distante da perfeição. Volta para BH pagando um preço alto pela covardia.
O JOGO
O primeiro tempo não existiu. Nem Denis, muito menos Victor foram acionados. Crispado desde início e com farta distribuição de cartões amarelos – sete, cinco para o Atlético-MG e dois ao São Paulo. A tensão era tanta que o árbitro colombiano Wilmar Roldán foi obrigado a chamar os dois capitães – Leonardo Silva e Hudson – para acalmar os dois times e jogar futebol. Depois do sabão do juiz, os jogadores resolveram pensar um pouco mais na bola, mas nada de muito extraordinário.
Nem poderiam jogar mais, até porque tanto Bauza como Aguirre armaram suas esquadras pensando primeiro na marcação forte, depois na criação. Cada um tinha três volantes e apenas um meia. Neste enredo, a bola ficou prensada entre faltas ríspidas, três a quatro jogadores no espaço de um lenço, sempre a castigá-la. Não se viu um minuto de lucidez.
No final das contas, o prejuízo maior ficou com o Atlético-MG. Com a chuva de cartões amarelos, perdeu dois jogadores importantes – Rafael Carioca e Júnior Urso – para o jogo da volta em Belo Horizonte. E Robinho saiu, aos 36, com lesão na coxa. Iuri entrou no seu lugar. O primeiro tempo acabou no empate 0 a 0.
Arbitragem questionada
No intervalo, Aguirre conversou com Roldán antes de descer aos vestiários, reclamando do excesso de cartões ao seu time. Bom lembrar que, na véspera da partida, o presidente do São Paulo, o Leco, divulgou um dossiê em vídeo e entrevistas alegando que a arbitragem na Libertadores eram prejudiciais ao clube paulista. Uma tentativa de pressionar a Conmebol na hora de escalar e orientar os árbitros nos jogos do São Paulo.
“Queria falar mais sobre a atuação da arbitragem, mas não quero, não posso”, disse Aguirre. Ao final do jogo, recomendou aos repórteres que se dirigissem ao presidente do Galo sobre a pressão do São Paulo em cima da Conmebol na véspera do jogo.
No segundo tempo, o cenário mudou um pouco quando Bauza resolveu arejar seu time com Michel Bastos na ponta-esquerda e com Wilder na ponta-direita. Uma tentativa de ser mais agressivo em busca de um gol salvador. Conseguiu.
Aguirre, com a perda de Robinho e com meio time pendurado com cartões amarelos, foi mais conservador. Mexeu nas suas peças apenas nos minutos finais da partida, acreditando que poderia sair do Morumbi com o empate. Não funcionou. Resta reverter a desvantagem no Horto.
Não será surpresa se o comando do Atlético-MG entrar com uma representação na Conmebol contra a arbitragem e ainda questionar a pressão do SãoPaulo com o dossiê exibido na véspera do jogo no Morumbi.
Acidente
Na comemoração do gol de Michel Bastos, um gradil se rompeu e pelo menos 20 torcedores caíram no fosso que separa as cadeiras do anel inferior do estádio ao gramado. Oito ficaram feridos, o mais grave com uma fratura no braço. Com o acidente, o São Paulo, se a Conmebol for séria, deve ser penalizado por falta de segurança aos torcedores.
O jogo ficou paralisado por cerca de cinco minutos. O árbitro Wilmar Roldán só reiniciou a partida quando teve, por parte da Polícia Militar, de que havia segurança no local do acidente.