Entenda a vitória do Palmeiras contra o Corinthians e o choro de Tite

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Cuca projetava a vitória do Palmeiras no clássico contra o Corinthians como fundamental na longa caminhada em busca da taça do Brasileirão. Havia ingredientes de sobra, entre passado e presente, na mesa do treinador para confirmar a importância do triunfo. Nenhum detalhe deveria ficar sem atenção, sob pena de tudo vir por água abaixo.

Primeiro, a questão sentimental em nome da paixão. Por uma coincidência de datas, este de 12 junho de 2016 remete ao 12 de junho de 1993 quando o Palmeiras derrotou o Corinthians no Morumbi  e conquistou o título paulista – era o fim de longo jejum sem ser campeão.

Heróis daquela epopéia foram homenageados no intervalo do clássico. Evair, Edmundo, Cesar Sampaio, entre outros, foram aclamados pela multidão.

Cuca usou imagens do feito de 93 para motivar ainda mais seus jogadores.

“Essa conquista é um marco na vida do Palmeiras. Mostramos aos nossos jogadores a entrega daqueles jogadores, a dedicação, raça, a qualidade técnica do grupo. Eles entenderam que tínhamos de jogar o clássico como aquele time fez em 93”, disse Cuca.

Segundo, o fator casa teria peso decisivo na projeção do treinador. Torcida única no Allianz Parque, palmeirenses quebraram o recorde de público do estádio com 39.935 pagantes. A torcida teve papel importante, com mais vigor no segundo tempo, a pressionar o Corinthians. Funcionou a comunhão arquibancadas e jogadores.

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Terceiro ingrediente a favor do Palmeiras pode ficar na conta de Cuca. O treinador amarou o time com Dudu na esquerda a bloquear Fagner e Roger Guedes fazendo parede a Uendel. Thiago Santos deveria cuidar de Guilherme e Tchê Tchê acompanhar Bruno Henrique. Assim os quatro defensores teriam de marcar apenas Giovanni Augusto e Luciano.

Com essa configuração, o time de Cuca teve o controle do jogo até os 20 minutos. Depois o Corinthians passou a explorar as bolas longas, Cristian saiu mais do campo de defesa e o jogo ficou favorável à equipe de Tite.

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Quarto momento, o mais decisivo aos donos da casa, aconteceu com a mudança de Cuca. Sacou Roger Guedes e lançou Cleiton Xavier na volta do intervalo. Com essa mexida, Moisés recuou para atuar de segundo volante e a coordenar a saída de bola com Xavier. O arisco Tchê Tchê saiu do meio e foi jogar como se fosse um ponta em cima de Uendel. Sem a bola, reforçava a marcação.

Essa mudança de peças e a nova reorganização tática desmontaram o Corinthians. Até porque, com menos de três minutos, Xavier havia feito o gol que determinaria o destino do clássico. O time  de Tite se desestruturou. Sem saída, com laterais presos, só meteu medo em faltas com bolas alçadas na área de Prass.

Bem diferente do Palmeiras, que vinha com uma manada nos contra-ataques a criar uma chance de gol atrás da outra. Poderia ter ampliado a margem de gols.

POLÊMICA

Tite não contestou a vitória palmeirense, mas reclamou muito de um gol anulado do Corinthians, em lance entre Felipe, Prass e Thiago Martins. Cuca minimizou.

De uma falta da intermediária, alçada na área, Prass sobe, tem a bola nas mãos, mas o goleiro sofre um encontrão de Felipe e Martins. Quando a bola caiu na grama, o árbitro Rafael Klaus já tinha apitado, antes de a bola ser desviada ao gol por Bruno Henrique em dividida com Cleiton Xavier.

Felipe estava impedido na cobrança da falta, mas o árbitro deixou o barco correr e, inevitável, criou a maior polêmica do clássico.

“A arbitragem teve uma participação determinante no resultado do clássico. Não gostaria de falar nisso, sinceramente”, comentou Tite.

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Com ou sem razão, o treinador do Corinthians poderia olhar mais para o seu time. Em clássicos é preciso algo mais do que levantar bolas na área do inimigo.

As trocas feitas por Tite também não deram resultados. Danilo entrou no lugar de Guilherme e o time perdeu criatividade. André por Luciano, seis por meia-dúzia. E Maicon na vaga de Cristian, que teria pedido para sair.

Criticar o árbitro soou como uma desculpa para a derrota, a segunda de Tite diante do Palmeiras desde que Cuca assumiu o time – uma no Paulistão e outra nesta sétima rodada do Brasileirão.