Eurico Miranda voltou ao comando do Vasco ao vencer a eleição, em novembro de 2014, para o triênio 2015-2016-2017. Naqueles dias, se cantou no Rio e na imensa comunidade cruzmaltina que o clube voltaria aos trilhos. O caudilho, importante nos anos de 1990, daria um jeito na agremiação após desastrosa gestão do ídolo Roberto Dinamite. Eurico não sentava na cadeira de presidente havia mais de seis anos. Passados duas temporadas do seu retorno triunfal, o Vasco foi rebaixado à Série B em 2015 e corre sério risco de não subir à Série A do Brasileirão de 2017.
Torcedores e dirigentes acreditaram que, com Eurico no poder, o Vasco não seria humilhado. Homem forte nos bastidores do futebol brasileiro, não deixaria o clube passar por dificuldades financeiras e técnicas. Teria cacife para encarar todos adversários e voltar ao panteão dos grandes do Brasil.
Acontece que o caudilho envelheceu, sofreu e sofre com problemas de saúde. Aquela aura de mandão, a intimidar a camarilha de dirigentes no poder do futebol brasileiro, não tinha mais peso, valor. Ninguém ficou com medo de Euricão.
Nem mesmo os fiéis das torcidas organizadas. Antes a serviço do cartolaço, agora as facções vaiam o presidente a cada insucesso do time, e eles têm sido muitos nesta Série B, em São Januário.
No empate (1 a 1) contra a Luverdense nesta terça-feira (08/11), Eurico foi alvo de xingamentos e cobranças de torcedores organizados. Essa gente quer a cabeça do dirigente porque o time não responde em campo e o técnico Jorginho continua no comando.
Eurico tem respondido com vetos à farra das organizadas no estádio. Inibe algumas facções, proibindo uso de instrumentos musicais e bandeiras, e libera outras, digamos mais amigáveis, a incentivar o time.
Não fosse apenas esse inconveniente de bater e afagar torcidas organizadas, Eurico Miranda não percebeu, nem foi alertado por seus pares, de que o time montado para disputar a Série B é velho. Não aguentaria o tranco em um campeonato longo de pontos corridos. Era preciso rejuvenescer e engordar o elenco.
O presidente não levou esse aspecto em consideração, imaginou que o Vasco “sobraria” na Série B e, com esse mesmo time, não faria feio, por exemplo, na atual Série A. Um equívoco irremediável a essa altura do campeonato.
Faltam jogadores de bom nível técnico, sobram vovôs. O caixa está baixo e o cofre, vazio.
A três rodadas do fim da Série B, o Vasco ocupa o terceiro lugar, com 59 pontos. Náutico, 5.º colocado, com 57; e CRB, 6.º, com 55, ameaçam e podem levar o time carioca a se afogar.
Eurico Miranda, amontoado no seu bunker em São Januário, só tem forças para acender seus impagáveis charutos. A fumaça faz do vasco um fantasma e pode levar o time ao sabor do vento.