Atlético Nacional de Medellín está eliminado do Mundial de Clubes da Fifa no Japão. Sua derrota por 3 a 0 ao Kashima Antlers começa com um gol de pênalti anotado pelo árbitro com essa excrescência de se usar a tecnologia no futebol. Entre o lance da penalidade e a decisão do juiz se passaram mais de 2 minutos, tempo suficiente para sair um gol, um impedimento polêmico ou até mesmo outro pênalti.
De uma ordem da Fifa, o Mundial de Clubes de 2016 tem servido de laboratório ao uso da tecnologia. Por azar do Atlético Nacional, a primeira vez que um árbitro recorreu ao vídeo nessa competição se deu no lance favorável ao time japonês.
Chama atenção que no lance fatal, quando o juiz nada marcou, o jogo continuou no seu ritmo normal. Enquanto isso, os analistas de vídeo, instalados em uma sala entupida de monitores, analisavam a jogada. Chegaram à conclusão que havia sido pênalti e alertaram o árbitro por meio de rádios comunicadores. O juiz paralisou o jogo e foi até à beira do campo ver o lance no monitor de vídeo. E tomou a decisão de anotar o pênalti.
Nesse lance, dois jogadores do Kashima estavam em posição de impedimento e o que sofreu a penalidade tentava sair dessa posição irregular quando foi derrubado pelo zagueiro colombiano. Nada disso teve importância ao juiz, que simplesmente se atentou à falta dentro da área, portanto, pênalti.
Antes de o árbitro tomar essa decisão, torcedores dentro do estádio foram alertados de que um lance estava em análise pelo árbitro de vídeo. Depois de pouco mais de dois minutos, o juiz anotou a penalidade.
Imagino aqui se pelo menos dois lances polêmicos de pênalti acontecerem em um jogo em menos de 10 minutos, quantas paralisações teríamos e em quanto tempo seriam tomadas as decisões. Aliás, o juiz só concede seu ok às imagens depois de analisá-las no monitor. Portando cabe a ele a palavra final, ou seja, à sua interpretação.
Por isso não comungo dos defensores do árbitro de vídeo. Com esse arsenal à disposição, um juiz perde autoridade na condução do jogo e vira refém das imagens. Acaba com a graça e emoção do jogo e torna ainda mais robótica a movimentação dos times.
Treinadores poderão daqui para frente adotar a tática do jogo aéreo obrigando jogadores a mandar uma bola atrás da outra na área do adversário em busca de um lance polêmico que provoque o uso do árbitro de vídeo. Ao meu ver, é o fim da essência do futebol.