O milagre da repetição dos gols não se repetiu no Camp Nou. Do outro lado não estava o PSG. Era a Juventus, um time de verdade, a quem o Barcelona teria de vencer por quatro gols de diferença. Não deu. Fortalecida com a vitória por 3 a 0 no jogo de ida, a esquadra italiana não concedeu a mínima chance ao Barça. Sustentou o empate por 0 a 0 como manda a tradição na península e avançou às semifinais da Champions League ao lado do Real Madrid, Atlético de Madrid e o “intruso” Monaco. Por isso, ao final da partida, Neymar, protagonista do histórico 6 a 1, se agachou na grama molhada e chorou.
Seu choro expunha o tamanho da decepção no Camp Nou. Neymar sabe que fora da Champions suas chances de ser eleito melhor do mundo diminuem de forma considerável. Sabe também que o Barça tende a sofrer transformações radicais na próxima temporada. E ainda tem pela frente o clássico dos clássicos contra o Real Madrid, domingo, partida decisiva para continuar na luta pelo título do Campeonato Espanhol.
A Juventus do seu lado não cometeu nenhum deslize. Saiu do estádio inimigo com a incrível marca de apenas dois gols sofridos em dez jogos dessa edição da Champions. Saiu ainda mais forte em busca de uma taça que o imortal Buffon ainda não beijou.
O jogo seria mesmo muito difícil. O primeiro tempo foi crispado, de muito contato físico, jogadas duras e de reclamações uma emendada a outra contra o árbitro. Bem diferente de Real Madrid 4 x 2 Bayern na véspera, quando a bola rolou solta, o confronto no Camp Nou soava como uma batalha. Muito da busca constante do gol por parte do Barcelona e mais ainda pelo comportamento defensivo da Juventus. Impossível exigir bom futebol quando um time monta suas barreiras na grande área e outro vem com uma bigorna a bater no muro sem cessar para triturar as pedras.
A partida fluía quando seus principais protagonistas tinham a bola nos pés, casos de Neymar e Messi de um lado, e de Dybala e Cuadrado do outro. Barcelonistas usavam dos dribles, juventinos, da velocidade. Nenhum deles chegou ao ponto final que perseguiram na primeira parte do jogo: o gol.
O Barcelona tinha ainda 45 minutos para remontar sua vida, encaçapar pelo menos três gols. Poderia ficar até o fim do ano tentando que não conseguiria, tamanha eficiência da Juventus. Um paredão. No alto da muralha, Bonucci e Chellini insuperáveis atendendo às ordens de Buffon.
Quando percebeu que nem Messi, nem Neymar poderiam encontrar um vazamento no dique para inundar a área italiana, Luis Enrique transformou o zagueiro Piqué em centroavante e desestruturou o Barcelona de uma vez por todas. As estratégias e mapas foram rasgados. Não havia mais o que fazer. Massimo Allegre, de sua parte, foi entupindo seu time de marcadores para reforçar ainda mais a fortaleza. Era questão de gastar o tempo. Sem sustos, enquadrou o dono do Camp Nou e saiu classificado.
Ao final da partida, barcelonistas reverenciaram seus jogadores com aplausos e cantos respeitosos. Daniel Alves, até temporada passada um deles, tratou de abraçar Neymar e ajudar o ex-companheiro a enxugar as lágrimas. Último ato de um momento épico da Juve e de um desenlace frustrante do Barça.