Neymar anda inebriado com a bola e o mundo aos seus pés. Encara a vida de celebridade no campo e fora dele. Faz da fantasia seu mantra na hora de ludibriar zagueiros e intimar Deus.
Desde que se livrou das amarras de Lionel Messi no Barcelona e se transferiu ao emergente Paris Saint-Germain, tem vivido um planeta só seu.
Cavani, um reles herói uruguaio, cara de índio, não poderia ser petulante diante da cal do pênalti. Cavani peitou Neymar e sentiu nas costas o peso da espada do craque.
Neymar é assim mesmo. Desde que passou a iludir serpentes no fraldário do Santos FC, não consegue ver ninguém maior do que ele.
Nem mesmo quando viveu hibernado no reino de um rei argentino na Catalunha se conformou. Aceitou o império do outro com medo de virar um pária. Tocou a vida se imaginando um herdeiro natural. Quando percebeu que ficaria velho antes de assumir o cetro, pulou fora.
Caiu em Paris imaginando que todos seriam seus súditos. Se acomodou na janelinha antes da hora. E não desistiu de ser gigante antes do combinado.
Neymar não espera o fluxo das ondas, e tenta se impor como um Tsunami. As ilhas ao seu redor que se virem na arrebentação.
Neymar encurta o tempo quando poderia esperar a acomodação do vento. Quer ser maior do que já é. Impor sua hierarquia natural sem pedir permissão é seu destino e glória. Ao questionar o poder de Cavani, se veste de golpista. Rei-sol não pode ser eclipsado.
Em vez de crescer, Neymar se apequena. Tem bola para se impor onde quer que seja. Pena que sem pensar nos que estão ao seu lado também na luta por uma luz a trilhar o caminho. Neymar se acha único. Que se… o resto.