Cuca disse em entrevista coletiva nesta quarta-feira (04/10) que sua saída do Palmeiras no fim do ano é especulação. Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético-MG e atual prefeito de Belo Horizonte, não se furta a elogiar Cuca, com quem trabalhou na conquista da Libertadores de 2013. Reforçou sua admiração ao técnico na entrevista à ESPN nesta terça-feira.
Mano Menezes, campeão da Copa do Brasil semana passada no Cruzeiro, tem futuro incerto no clube mineiro com a eleição do presidente Wagner Pires de Sá na segunda-feira (02/10). Contrato do técnico vence em dezembro. E a saída do vice-presidente de futebol Bruno Vicintin, anunciada na terça-feira, pode abreviar a passagem de Mano no clube mineiro. Vicintin foi o responsável pela contratação de Mano ano passado.
A situação de Cuca e de Mano Menezes faz parte do movimento que toma conta do futebol brasileiro neste mês de outubro, quando os clubes começam a projetar a próxima temporada e a especular com mais intensidade. Como o mercado de treinadores é volátil, não se pode bancar a permanência de nenhum dos técnicos para 2018. Nem mesmo aqueles estáveis, como Fabio Carille, que acaba de renovar contrato com o Corinthians.
A maioria dos clubes da Série A passa por eleições até o fim dessa temporada. E mudanças no poder costumam provocar trocas no comando do futebol. No BrasileirNao 2017, em 26 rodadas, tivemos 20 trocas de treinadores. A última foi a demissão de Preto Casagrande, do Bahia.
Veja a posição dos técnicos nos clubes hoje e o que se pode esperar para o início da temporada 2018, segundo levantamento do Chuteira FC:
Cuca-Palmeiras
“Me perguntaram lá porque o Levir (Culpi, técnico do Santos) falou que não tem como planejar 2018 antes de acabar 2017. Eu respondi que futebol é movido a resultado e que, no final do ano, como qualquer treinador, você senta e conversa com o presidente. Assim é o que eu penso do futebol. Atlético-MG ? É boato, nada que não seja especulação. Pretendo cumprir meu contrato e fazer o melhor que eu posso no Palmeiras. Não preciso ficar falando o que sinto pelo Palmeiras, todos sabem. Quero montar meu time“, disse Cuca nesta terça-feira (04/10).
Cuca fala em dar continuidade ao seu trabalho. Tem respaldo do presidente Mauricio Galiotte e da patrocinadora Crefisa. No clube há muitos partidários da contratação de Mano Menezes e até da volta de Vanderlei Luxemburgo, vitorioso no Palestra no início dos anos de 1990. Futuro de Cuca também passa pela classificação do Palmeiras à Libertadores 2018.
Dorival Júnior-São Paulo
Se o time escapar do rebaixamento, a permanência de Dorival é certa. A palavra é do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, em entrevista exclusiva a esse Chuteira FC antes do clássico contra o Corinthians. No caso de o São Paulo cair para a Série B, Dorival não deve renovar contrato. Dirigente argumenta que o planejamento após uma eventual queda poderá sofrer mudanças radicais no clube.
Fabio Carille-Corinthians
Carille renovou contrato com o Corinthians até o fim de 2019, com opção de estender por mais um ano (2020). Surfando na excelente campanha no Brasileirão 2017 e mais a conquista do Paulistão, o treinador pode ter vida longa no clube. A decisão de renovar o acordo com Carille partiu do presidente Roberto Andrade, que tem mandato até fevereiro de 2018. Um novo presidente eleito, em oposição a Andrade, pode rever o contrato do técnico e trocar por um de sua preferência.
Levir Culpi-Santos
Levir tem contrato até o final do ano (de 2017). Vamos ver, conversar se vamos continuar ou não. Existe um planejamento como todos os anos fazemos. Independentemente de o Santos não ter sido campeão da Libertadores (eliminado nas quartas de final pelo Barcelona de Guayaquil), o planejamento para 2018 precisa existir. Não dá para esperar a definição do dia 9 de dezembro para fazer o planejamento”, disse o presidente do Santos, Modesto Roma Jr.
A data 9 de dezembro a que Modesto se referiu é o dia previsto para as eleições no clube. Ele tenta a reeleição e deve disputar com mais dois candidatos, os empresários José Carlos Peres e Andres Rueda. Se Levir renovar contrato antes do pleito e se depois Modesto Roma for derrotado nas urnas, futuro do treinador passa a ser incerto na Vila.
Mano Menezes-Cruzeiro
Título da Copa do Brasil fortaleceu Mano no Cruzeiro. O problema é que menos de uma semana depois da conquista, aconteceu a eleição no clube com a vitória do candidato da situação, Wagner Pires de Sá, apoiado pelo atual presidente Gilvan de Pinho Tavares. No dia seguinte à vitória de Wagner, Bruno Vicintin, vice-presidente de futebol, deixou o clube, assim como o ex-jogador Tinga, gerente de futebol, e outros assessores. A saída desses dirigentes, que foram fundamentais na permanência de Mano, deixa futuro do treinador em aberto. Contrato de Mano Menezes vence no fim dessa temporada de 2017.
Oswaldo-Oliveira-Atlético-MG
Contratado há pouco mais de dez dias, Oswaldo assinou com o Atlético até junho de 2018. Sua continuidade no comando depende dos resultados que conseguir no Brasileirão 2017. A seu favor, a troca de presidentes. Saiu Daniel Nepomuceno e entrou Sérgio Sette Câmara. Nepomuceno desistiu de concorrer à reeleição e abriu espaço para Sette Câmara vencer o pleito. O novo presidente é do grupo de Alexandre Kalil, que está no poder no Galo há quase uma década. No seu mandato, Nepomuceno trocou sete treinadores: Paulo Autuori, Levir Culpi, Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Rogerio Micale e agora contratou Oswaldo Oliveira. Se não levar o Atlético à Libertadores 2018, Oswaldo pode deixar o Galo. E cresce a especulação para o retorno de Cuca, com aval de Kalil.
Reinaldo Rueda-Flamengo
Treinador colombiano substituiu Zé Ricardo há dois meses no Flamengo. Sua missão era conquistar a Copa do Brasil e garantir vaga na Libertadores 2018. A primeira tarefa furou. Sua permanência no clube vai depender da classificação final no Brasileirão e também do eventual título da Copa Sul-Americana. Se fracassar nessas duas competições, Rueda corre risco de não emplacar na próxima temporada.
Jair Ventura-Botafogo
É outro que aguarda as eleições – dia 25 de novembro – no clube para saber de seu destino. Jair Ventura tem contrato com o Botafogo até o fim de 2018. Eleito técnico-revelação em 2016, se consolidou no comando do time carioca com excelente campanha na Libertadores 2017 e Copa do Brasil. Tem a preferência do atual presidente Carlos Eduardo Pereira, que está de saída, mas é candidato a vice na chapa de Nelson Mufarrej, candidato da situação. A oposição terá Marcelo Guimarães, presidente do Conselho Deliberativo, e Mauro Sodré. Se a oposição vencer, Ventura pode perder apoio. A favor de Jair Ventura é sua alta cotação no mercado. Não será surpresa se receber proposta para deixar o Botafogo em 2018.
Abel Braga-Fluminense
Sem dinheiro e em viés de baixa no Brasileirão, Fluminense não sustenta ninguém no clube. Abel Braga goza de prestígio no comando do clube, que já passou por eleições neste ano. Treinador vai ganhar ainda um reforço de peso: Carlos Alberto Parreira, na função de gerente de futebol do Fluminense. Abel Braga só deixa o Fluminense se quiser.
Zé Ricardo-Vasco
Mais um clube com processo eleitoral em andamento. Novo presidente será conhecido dia 7 de novembro. Eurico Miranda é candidato à reeleição e a chapa de oposição terá dois de seus aliados: Fernando Horta, presidente da escola de samba Unidos da Tijuca, e Otto Carvalho. Os dois têm cargos importantes no clube e, nos bastidores, seriam a continuidade da política de Eurico Miranda. Zé Ricardo, contratado há pouco mais de um mês, tem contrato até o fim de 2018. Se o Vasco se sustentar pelo menos numa posição intermediária no Brasileirão 2017, sem risco de rebaixamento, Zé Ricardo poderá planejar a temporada 2018 sem problemas. O que falta é dinheiro no Vasco para pensar grande.
Vanderlei Luxemburgo-Sport
Depois da crise com a goleada por 5 a 0 para o Grêmio, Sport renovou contrato com Luxemburgo até o fim de 2018 e deu carta branca ao treinador para planejar o time para a próxima temporada. O problema é que o time começou a despencar no Brasileirão 2017 e já está na zona de rebaixamento. Se Luxemburgo não tirar o Sport dessa encrenca, não há mínima certeza de sua permanência no clube até mesmo neste campeonato.
Renato Gaúcho-Grêmio
Não corre nenhum risco, mesmo se o Grêmio não conquistar a Copa Libertadores 2017. Treinador tem prestígio no clube. Na sua volta, ano passado, levantou a Copa do Brasil. Agora está nas semifinais da Libertadores e na terceira colocação do Brasileirão. Renato Gaúcho só sai se quiser.
Guto Ferreira-Internacional
Na longa travessia da Série B, Guto Ferreira teve sua cabeça servida na bandeja. Conseguiu se sobreviver quando o time engatou boa sequência de vitórias e assumiu a liderança do campeonato. Mesmo assim, seu trabalho não é uma unanimidade no clube. Sua presença no comando do Inter na Série A em 2018 é uma incerteza.

Vagner Mancini-Vitória
Ao ser despedido da Chapecoense de forma surpreendente, Vagner Mancini foi resgatado pelo Vitória. Em pouco tempo, o treinador deu vida nova no time e com boas vitórias fora de casa, deu sinais de que pode salvar o clube do rebaixamento. Se o Vitória sobreviver na Série A, Mancini deve ficar para a temporada 2018.
Marcelo Oliveira-Coritiba
É o mais ameaçado entre os 20 treinadores na Série do Brasileirão 2017. Marcelo assumiu o Coritiba em julho, substituindo Pachequinho, com a missão de tirar o time do buraco. Ainda não conseguiu. Coxa está na zona de rebaixamento e não vence há mais de seis rodadas. Contrato do treinador vai até dezembro de 2017. Sua situação, porém, é crítica a ponto de Conselho Deliberativo do clube divulgar uma carta na última semana setembro garantindo a permanência de Marcelo Oliveira no comando. A conferir.
Fabiano Soares-Atlético-PR
Treinador chegou do Estoril de Portugal em junho para ocupar vaga de Eduardo Baptista, que havia substituído Paulo Autuori. Com perfil de treinador europeu, Fabiano, naturalizado espanhol, tem formação no futebol da Europa e fez cursos ao lado de Pep Guardiola, entre outros. Tempo de contrato não foi divulgado pelo Atlético-PR, que costuma bailar ao ritmo de Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, homem forte do futebol e que dá as cartas no clube. A estabilidade de Fabiano Soares depende dos resultados em campo, a cartilha de todos treinadores no futebol brasileiro.
(texto publicado no CHUTERIA FC – leia mais notícias exclusivas e análises de futebol)