Corinthians campeão é a tradução perfeita do imperfeito futebol brasileiro

Corinthians vence Grêmio

Corinthians derrotou o vice-lanterna Avaí por 1 a 0 neste sábado, abrindo a 34.ª rodada do Brasileirão 2017. Gol de Kazim, seu segundo tento na temporada. Fez de peito em bola alçada por Arana. Gol do título, diriam os defensores do óbvio. Sentenças reais ou não, o nível técnico do jogo entre o virtual campeão e o encomendado a ser rebaixado para Série B foi de doer.

Exceção aos corintianos em júbilo, nada se aproveitou da partida. Nem adianta insistir que tudo é reflexo do momento do futebol brasileiro. Da falta de qualidade. Da covardia dos treinadores, da falta de gestão e coerência dos dirigentes. Temas puídos pelo tempo na mídia desde as Ondas Médias das rádios aos megabytes da internet de hoje.

Passamos 90 minutos encarnados pela mesmice. Troca de passes aqui, inércia dali, um raro chute a gol. Um time covarde, acuado no seu campo imaginando que não sofreria nenhum gol do líder absoluto do campeonato. Atacar não era preciso. Esse foi o Avaí, o freguês contumaz do rebaixamento.

Do outro lado, o quase campeão – depende ainda da matemática real – dormitando. Sem coragem para ligar o rolo compressor com medo de um gol fortuito do vice-lanterna. Aquela história do mar que entrega suas ondas à praia e as recolhe com temor de ficar vazio. Uma covardia.

Na arena moderna apinhada de fiéis, pouco mais de 45 mil torcedores, todo o desrespeito. Em vez de o time se inflamar com o transe das arquibancadas, a burocracia escancarada.

O que esperar de um time moldado para ser tão prático como bater um carimbo em uma cartório qualquer da esquina?

“O time de homens”, apregoado pelo seu mentor, o aprendiz Fabio Carille com oito anos ajudando Mano Menezes e Tite a segurar a prancheta. “O time cirúrgico, calculista”, tão endeusado pelos homens dos microfones nas telinhas e ondas do rádio. “O time perfeito do imperfeito futebol brasileiro de hoje em dia”, a sentença final.

Nada contra o Corinthians, campeão legítimo. E tudo contra aos que consideram como normal entregar a taça ao menos ruim. O que vai sobrar depois disso tudo? Brasileirão 2017 – assim como os cinco a seis últimos e, sabe-se lá quantos mais – não vai deixar um pingo de saudade.

Não fracassaram os clubes de muito dinheiro, nem os de orçamento baixo, muito menos o Corinthians, entregue à própria sorte no início de janeiro sem perspectivas de fechar o primeiro mês de 2017 em dia com seus compromissos. O maior engodo da temporada é o pobre futebol apresentado por campeões e rebaixados.

Se, por acaso, concluirmos que tudo isso é muito normal, então é melhor enrolar a bandeira, dobrar a camisa sem expor o escudo, e fechar a gaveta.

(texto publicado no CHUTEIRA FC: leia mais notícias e opinião de futebol)

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