Neymar volta ao PSG nesta quinta-feira depois de mais quatro meses longe das atividades do time francês. Não se trata de uma simples reapresentação ao clube que desembolsou R$ 821,4 milhões, em agosto de 2017, para ter seu futebol e explorar a imagem do craque. É como se fosse um recomeço do jogador. Em crise de identidade, alvo de críticas intermináveis desde o colapso na Copa do Mundo da Rússia, Neymar enfim vai ter a chance de se reconciliar com a bola. Apenas a bola é capaz de salvar o astro neste ocaso de sua carreira aos 26 anos de idade.
Não há outra saída no labirinto em que se meteu. Neymar está condenado a jogar, e muito bem, o futebol para se reinventar.
Primeiro, passa pela reconquista da torcida e do protagonismo no PSG. Segundo, um pouco mais tarde, se reintegrar à Seleção Brasileira com um perfil mais humilde para resgatar a confiança da torcida, fazer valer sua importância técnica ao time e ampliar sua nada desprezível estatística com 90 jogos oficiais e 57 gols – quarto artilheiro da história, atrás de Pelé (77 gols), Ronaldo Fenômeno (67) e Zico (66).
Neymar é neste momento refém de seu talento. Ou joga o futebol que o consagrou e o levou a amealhar uma fortuna inestimável à maioria dos jogadores ou vai continuar com perfil de ídolo artificial e longe, muito longe, da ambição de ser o melhor do mundo – não aparece na lista dos top dez da Fifa em 2018.
De imediato seu desafio é mesmo levar o PSG aos títulos relevantes nesta temporada. No clube terá de dividir espaço com Mbappé, de apenas 19 anos, campeão mundial com a França na Copa da Rússia e apontado como novo fenômeno do futebol – não por acaso o jovem mais valioso do mundo: 192,3 milhões de euros (R$ 845 milhões).
E conquistar o treinador alemão, Thomas Tuchel, de 44 anos, novo técnico do PSG.
“Sou jovem, apesar de nem tanto. Mas sei que quando falo de Neymar, cada palavra pode ser interpretada. Por isso, o melhor que posso fazer quando quiser falar com ele será conversar de portas fechadas. Estou certo de criar uma conexão com ele e também que é necessário gerar vínculos com este tipo de jogadores”, disse Tuchel. “Sempre é um desafio se recuperar e vou ajudá-lo para que consiga. Mas quando falar dele (Neymar), quando falar com ele, ficarei em segredo”.
Veja a manchete do jornal esportivo L’Équipe de Paris, desta quarta-feira (01/8), indicando que Neymar terá de reconquistar o clube e torcida, exatamente um ano depois de ser contratado pelo PSG:
Se encontrar espinhos no caminho da retomada do trabalho no PSG, Neymar vai ter de se virar. A troca de clube é inviável antes de 2019. Real Madrid, potencial interessado em seus serviços, adianta que não investirá mais de 100 milhões de euros em um jogador galáctico nesta temporada. Mas pode abrir negociação no ano que vem. Fora o Real, não há no horizonte outro clube com intenção de investir no craque brasileiro.
Na Seleção Brasileira a missão de Neymar é mais indigesta. É bem provável que apareça na primeira convocação de Tite – de contrato renovado até a Copa 2022 – no fim de agosto para amistosos em setembro, oportunidade para dar início a uma nova etapa com a camisa amarela.
Por enquanto, a imagem mais recente é a desastrosa aparição em uma peça publicitária da Gillette, divulgada no domingo (29/7), com péssima repercussão. No comercial, o craque faz um desabafo muito artificial contra críticas e polêmicas recentes a respeito de sua imagem (veja vídeo aqui).
E que ficou pior ainda com a revelação dos valores envolvidos na sua participação neste vídeo da Gillette. Neymar tem vínculo com a Gillette desde 2015 e renovou contrato por US$ 7 milhões (R$ 26,2 milhões). Segundo a Folha de S. Paulo, o craque levou R$ 1 milhão nesta campanha. Mais: recebe US$ 7,1 milhões por dois anos de vínculo, US$ 250 mil (R$ 930 mil) por hora extra em eventos e US$ 500 mil (R$ 1,86 milhão) por dia de gravação que não esteja prevista no contrato.
Veja estatísticas de Neymar na Copa da Rússia com dados oficiais da Fifa (em espanhol):