Seleção Brasileira está na final da Copa América 2021. Alguma dúvida? Nenhuma. Se credenciou com vitória diante da Seleção Peruana por 1 a 0 nesta segunda-feira, 5 de julho. Venceu sem entusiasmar o mais fanático torcedor. Tem sido assim com esse time de Tite. Joga, vence, engorda estatísticas e… para por aí.
Difícil se empolgar com este modelo de Seleção. Na maioria dos jogos é meio blasé, empertigada, sem um pingo de alegria.
Muito desse estilo vem das planilhas dos assessores de Tite na comissão técnica. Começa na convocação de jogadores, todos analisados pelos números de desarmes, dribles, regularidade, equilíbrio. Tudo tabulado no excel.
Muitos dos afeitos ao improviso não têm vez com Tite e seus comissários. É preciso respeitar cartilhas de análise de desempenho, enaltecem os homens do treinador e ele próprio. A tal meritocracia.
Escorado nas estatísticas, Tite alinhava seu time. Por isso a Seleção joga quadrado, de um pragmatismo ímpar, como mostrou na vitória contra o Peru nas semifinais da Copa América.
Até por esse detalhe é de se estranhar elogios de analistas em cima do primeiro tempo do Brasil. Enalteceram a movimentação do ataque, avanços dos volantes, passagens dos laterais. Tudo tão primitivo e, assim mesmo, de chamar atenção dos analistas.
Movimentos tão elogiados como uma nova invenção da roda.
Imaginamos aqui se Neymar não estivesse nessa ciranda. Como seria a Seleção? Como seria a movimentação do ataque sem a fonte de energia e de ilusão?
Bom, para resumir, seria interessante Tite se debruçar no modelo da Seleção de Telê Santana na Copa de 82. Aquela sim não tinha nada tabulado nas planilhas.
Volantes Falcão e Cerezzo viravam atacantes, laterais Junior e Leandro na função de meias, Zico e Sócrates imprevisíveis e soberanos, Éder demolidor e driblador. Uma trupe que jogava alegre, com maestria e excelência.
Você pode levantar o dedo e cobrar: mas aquela Seleção perdeu da Itália, no dia 5 de julho em Barcelona de 1982. Nem chegou à final da Copa.
É, pode ser. Por isso que há 39 anos todo amante do futebol puro, de verdade, excomunga o 5 de julho – o dia em que a Terra parou. O mundo da bola, pelo menos.
