Argentina avança às oitavas de final ao vencer a Polônia por 2 a 0, nesta quarta-feira (30/11). Lionel Messi perde pênalti no primeiro tempo. Tudo bem. O que importa é que o segundo Deus argentino continua presente na Copa do Mundo. E isso basta.
Em nenhum momento do jogo se temia pela sorte do craque. Mesmo com Argentina decepcionada no fim da primeira parte. Pênalti desperdiçado por Messi está na cabeça dos jogadores quando entram no vestiários no intervalo do jogo. O imponderável acontece. A torcida sente o trauma e também se aquieta.
Cenário bem diferente do pré-jogo e de quase todos os 45 minutos do primeiro tempo. Antes mesmo de a partida se iniciar, frisson dos argentinos nas arquibancadas assombra o estádio 974. Um querer Argentina acima de todos os decibéis.
Seus jogadores entram no pulso dos cânticos apaixonados e tratam de empurrar a Polônia à insignificância de seu jogo defensivo. Todo mundo atrás, Messi não passará. E Lewandowski abandonado no ataque, um lobo mais que solitário.
Argentina se mete em todas as frentes de ataque, alimentada por De Paul e Enzo Fernández. Usa de todos os expedientes inimagináveis em busca do gol. Laterais apoiando, Di Maria de ponta, na direita e na esquerda, Julian Álvarez atraindo marcadores. E Lionel Messi?
Messi opta por não ficar enroscado dentro da área. Habita setor direito em diagonal. Investe nos dribles curtos. Surpreende ao virar o jogo ao lateral-esquerdo Acuña, com indulto polonês a receber livre os passes de Messi. Pena para Argentina que Acuña não tem lucidez na decisão final. E perde dois gols.
Torcida vem junto com fúria ofensiva argentina. Messi, sem muita inspiração, não completa sua obra. Até que aos 36 minutos sofre pênalti, anotado pelo VAR, do goleiro Szczesny.

Messi bate e Szczesny defende. O estádio inteiro não acredita. Mas é verdade. Messi desperdiça o pênalti. Argentinos cantam gritado o nome de seu segundo Deus – o primeiro é Diego Maradona. Era preciso ter fé.
Vem o segundo tempo. Um minuto e a imensidão azul e branca provoca um terremoto no Estádio 974. Molina vai à linha de fundo cruza, Mc Allister, abandonado na grande área, chuta fraco. A bola escorre mansa e morre dentro do gol ao lado oposto de Szczesny. Argentina 1 a 0.
Não havia mais espaço e tempo para se ouvir um pio que fosse dos poloneses.
Argentina investe em busca de mais gols. É barrada por dez adversários dentro da grande área.
Passados 20 minutos, jogo se acalma. Polônia adianta um pouco sua armada procurando oxigênio. Não assusta. Continua medrosa. Coisa de quem pratica um futebol ultrapassado.
Quem não quer nada com nada fica. Castigo vem aos 22 minutos. Julian Álvarez recebe uma migalha na grande área e transforma em banquete. Arruma a bola e bate no alto, colocado. Argentina 2 a 0.
Então Messi passa a desfilar. Sua preferência nessa altura do jogo é o passe. Servir seus súditos, para júbilo dos argentinos, maioria dos 44 mil espectadores, endiabrados em todo estádio 974.
Jogo resolvido. Classificada em primeiro no Grupo C, Argentina enfrenta Austrália nas oitavas de final. Lionel Messi continua na Copa do Mundo. É o que temos. Precisa mais?
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