Messi leva Argentina à final da Copa do Mundo Qatar 2022. Gols da vitória por 3 a 0 contra a Croácia, diante de 88.966 pessoas no Lusail, foram dele e do garoto Julián Álvarez, o novo diamante argentino. Triunfo construído ao amor de uma torcida impregnada pela paixão por uma camisa a cantar até o dia amanhecer. Comunhão perfeita. E ainda evocar Diego Maradona em um dia de preces a Lionel, Lionel Messi.
Argentina faz o que o Brasil não fez contra a Croácia. Antídoto contra troca de passes e o cerco ao meio campo, volantes marcadores, de disputa da bola, e não apenas guardas de portão. De Paul, Paredes, Enzo Fernández e Mac Allister morderam os calcanhares dos croatas. Não contemplaram, foram à luta.
Atitude desses quatro à frente da zaga e alimentar Messi quando de posse da bola minaram jogo da Croácia, que seguia modelo adotado com saldo positivo diante do Brasil. Se Modric e companhia enquadraram os homens de Tite, diante dos argentinos nada feito.
Messi, diferente de Neymar, também servia de isca aos marcadores croatas. Perambulando como um sonâmbulo na intermediária, passos lentos, chamava atenção dos cães de guarda do adversário.
Estratégia de Scaloni não era para toda bola sair da defesa em busca de Messi. Valia mais a pena esticar ao jovem, pulmão de aço, Julián Álvarez se infiltrando entre os dois bons zagueiros Lovren e Gavardiol. E Álvarez não vacilou.
Um passe com poder de lançamento do volante menino Enzo Fernandez obriga Álvarez a partir rápido. Arranca e sofre pênalti do goleiro Livakovic. Coadjuvantes saem de cena. Entra o artista principal: Lionel Messi. Olhando ao céu, como um desavisado de que estava no coliseu, o craque dos craques ajeita bola na marca e fulmina Livakovic. Argentina 1 a 0, aos 24.
Croácia sente a pancada. Arrisca sair mais. Aumentar a velocidade na troca de passes. Consegue um escanteio. Erra na armação do lance e a bola sobra nos pés de Messi. Um toque, quase deitado na grama, chega a Alvarez. Garoto arranca como uma manada para cima dos croatas, trombando aqui e ali, até encobrir Livakovic. Um senhor gol. Gol de patente. Argentina 2 a 0, aos 38.
Toda gente no Lusail aumentou o tom dos cânticos. “Argentina sentimento. Vamos Argentina” ecoa no alto estádio com perto de 90 mil torcedores. Cânticos se repetem mudando apenas o refrão, não o sentimento de amor à azul-branca.
Croatas teriam de remar muito no segundo tempo. Lutar como nunca. Se inspirar em seus guerreiros da independência de 1991. E chamar Modric ao jogo. O baixinho estava sem espaço e tempo para se manifestar.

Modric não apareceu. Procurou uma porta de saída da marcação, um jeito de servir seus atacantes. Tudo o que conseguiu foi ver Messi desfilar.
Evocando Maradona, Lionel Messi define o jogo com ginga, drible, requintes de crueldade em cima do excelente zagueiro Gvardiol, um dos melhores da Copa. Chega no limite da linha de fundo e vira para Alvarez assinar a obra-prima. Argentina 3 a 0, aos 25.
Restavam ainda 20 minutos e mais acréscimos. Do lado croata a torcida era para acabar logo agonia. Do lado argentino, a cobiça por mais gols. E na plateia, um ode em louvor a um time com a marca registrada entre os grandes: Argentina.

Conta a lenda que os Deuses do futebol habitam os templos dos estádios mesmo se tudo ali estiver vazio, só as traves e a grama verde a dar vida. Quando a catedral está tomada por toda gente, os Deuses se sentem libertados a inspirar os que estão ali correndo. Do alto, Diego Maradona olhou por Lionel Messi.
Se em 1986 na Copa do México, Maradona colocou o mundo aos seus pés levando Argentina ao bi mundial, um ano antes de Messi nascer, tempo de agora é de Lionel. Assim mesmo, como se fala, Lionel, Lionel Messi.
Argentina está na final da Copa do Mundo Qatar 2022. Volta a disputar a taça oito anos depois de ser derrotada pela Alemanha no Maracanã. Que venha França ou Marrocos. Messi onipresente sempre. Argentina tem sim o melhor futebol da América do Sul e está muito perto de assumir o topo do futebol mundial. Quem tem Messi, sempre está perto da glória.
