Daniel Alves está preso em Barcelona, sob acusação de estupro de uma jovem de 23 anos. Há menos de 50 dias, Dani abraçava Neymar consolando o craque minutos depois de o Brasil cair na Copa do Mundo Qatar 2022 eliminado pela Croácia em Doha. Imagens fortes que remetem à refundação da Seleção Brasileira.
Ídolos da estirpe de Daniel Alves, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, entre outros, provocam ondas de celebridade, soberba, poder e, pior, acusações de crimes. Todos, há bem pouco tempo, impregnados com as cores da camisa da Seleção.
Ronaldinho Gaúcho passou quase quatro meses encarcerado em um presídio no Paraguai, acusado de falsificação de documentos e fraude financeira em 2020. Ronaldinho é um dos ícones da conquista do penta na Copa de 2002.
Robinho está condenado há nove anos de cadeia na Itália por estupro coletivo em ação penal de 2013. Vive no Brasil, quase escondido, com a segurança de não ser entregue à justiça italiana. Robinho era um dos expoentes da Seleção entre as Copas de 2006 e 2010.
Neymar foi inocentado em uma acusação de estupro em 2019 depois de se envolver com uma jovem brasileira que ele mesmo havia bancado viagem de São Paulo a Paris. Neymar Jr até novembro era esperança de a Seleção conquistar o hexa no Qatar.
Daniel Alves, no conceito de Tite, transcende o futebol e por isso foi convocado aos 39 anos para disputar a Copa do Mundo no Oriente Médio. Seria o líder dos jovens jogadores e alicerce de Neymar no Qatar.
Pulverizados por seus atos, Neymar, Daniel Alves, Robinho, Ronaldinho Gaúcho obrigam a repensar comportamento das últimas gerações da Seleção e o que fazer para dar nova identidade ao time.
Não cabe mais no escrete jogadores com perfil de ídolos de barro.
A hora é de reconstruir a Seleção Brasileira. Dar aos convocados compromissos mais com a bola a esteriótipos de redes sociais. Seja quem for o novo técnico, brasileiro ou estrangeiro.
CBF diz, na voz de seu presidente Ednaldo Rodrigues, que busca um treinador com capacidade de resgatar o jeito de o Brasil jogar futebol. Seleção com futebol ofensivo, com a nossa marca e patente.
Mais que resgate de um estilo, novo treinador precisa encontrar jogadores de cabeça boa, sem estrelismos, menos lunáticos e mais pés no chão. Talentos a serviço do jogo coletivo.
Todos sabemos que a maioria desses jogadores tem história de sobreviventes da miséria, de um nada absoluto à opulência garantida por seus altos e merecidos salários. E também reféns desse poder adquirido ainda muito jovens.
Poder que muitas vezes domina mentes, contamina a personalidade e provoca atos como este a que Daniel Alves está sendo acusado.
Na Seleção Brasileira não cabe ídolos de uma noite, de recônditos de mansões, de festas de luxúrias e prontos a cometer crimes contra mulheres.
Seleção Brasileira precisa mais que um técnico, carece mesmo de uma refundação.
São Paulo 23 de janeiro 2023. Por Luiz Antônio Prósperi