Luiz Antônio Prósperi – 8 março (09h15) –

Luighi Hanri Sousa Santos tem 18 anos. Nascido em 30 de abril de 2006 em São Paulo, está no Palmeiras desde os dez anos de idade. Atacante forte, 1,82 m, vive de balançar as redes. Multa contratual imposta pelo clube paulista encosta nos R$ 500 milhões – cotação alta no mercado europeu. Garoto ensaia primeiros passos na carreira promissora. Tudo normal como milhares de meninos sonham até chegar a noite de 6 de março, em Assunção, quando Luighi solta um choro sentido escancarando a dor profunda de ser vítima de ato racista no Paraguai. Suas lágrimas comovem e paralisam o futebol mundial.

Antes de ser chamado de macaco e levar cusparadas de torcedores do Cerro Porteño, um dos grandes clubes paraguaios, Luighi vivia a ilusão da vitória (3 a 0) do Palmeiras na Libertadores Sub-20.

Os racistas torcedores do Cerro não engoliam a derrota no campo e, protegidos pela impunidade das arquibancadas, atacam Luighi e Figueiredo, seu companheiro de time, com o que há de mais asqueroso e sórdido que se possa imaginar. Racismo.

Ao ver a reação indignada de Luighi implorando ao árbitro atitude contra os criminosos, um deles encobre seu rosto com o corpinho de uma menina sentada ao seu colo. No pouco que as imagens das câmeras da TV flagraram, se percebe um riso irônico do racista diante do desespero de Luighi. Aquela pessoa (?) estava feliz por ter cometido o crime.

Ao fim do jogo, Luighi é chamado a dar entrevista à Conmebol, organizadora do torneio no Paraguai. Diante do microfone vai ao desespero quando percebe que o “repórter” não lhe perguntaria sobre o ato criminoso do racista paraguaio.

Impossível conter o choro. Engolir as lágrimas. E a dor sai quase num gemido. “Você não vai falar do crime que eu sofri…Sério isso? Não vai falar? Até quando vamos viver isso?” Luighi desabafa destemido e sentido.

Dali para frente, o futebol, escorado em centenas de manifestações nas redes sociais, viveria uma catarse de indignação e estupor.

Altas patentes do futebol, da Fifa à CBF, maioria dos clubes brasileiros, celebridades, alguns jogadores renomados e boa parte da comunidade da bola, se colocam ao lado de Luighi.

Presidente Lula disse assim:

“Todo apoio ao nosso jovem Luighi, do Palmeiras, vítima de ato racista no Paraguai. O futebol significa trabalho coletivo, superação e respeito. Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade. O mundo não pode mais tolerar esse tipo de violência que fere a dignidade e a esperança da nossa juventude. A FIFA, a Conmebol e a CBF precisam agir e que os culpados sejam exemplarmente responsabilizados”, disse Lula, em postagem na rede social X.

Não se sabia até neste sábado (08/3) o que aconteceria com o Cerro Porteño. Muito menos se os racistas das arquibancadas sofreriam algum tipo de punição.

Nenhum branco pode entender e sentir a dor de Luighi.

O futebol não pode nem tem como recolher as lágrimas do menino.

O Futebol precisa sim de uma resposta real aos milhares de Luighis espalhados por aí correndo atrás da bola.

Dói na alma. E é a mesma dor que todos os pretos sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas. O episódio de hoje deixa cicatrizes e precisa ser encarado como é de fato: crime. Até quando? É a pergunta que espero não ser necessária ser feita em algum momento. Por enquanto, seguimos lutando” – Luighi, um dia depois do crime racista que sofreu no Paraguai.


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Uma resposta para “#CrônicaSabática #16 | Lágrimas de Luighi Paralisam o Futebol”.

  1. […] de quase 4 mil metros. Sofrimento no alto e facilidade em casa. E o Cerro, pivô do caso de racismo contra Luighi, também tem sido um adversário acessível nos 14 confrontos entre os dois na Libertadores. O […]

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