Luiz Antônio Prósperi – 14 abril (11h49) –
Brasileirão 2025 fecha sua terceira rodada com sede a ceifar cabeças. Na segunda, os árbitros saem escorraçados. Dois deles afastados por maus serviços prestados. Se instalou o caos. Na terceira, a onda deságua na praia oferecendo a demissão de treinadores. Vivemos a sanha por corpos estendidos no chão expostos à contemplação de torcedores e mentes saciadas da mídia real, da pseudo mídia esportiva alimentada nas redes sociais e de ex-boleiros vestidos de imprensa. E Pedro Caixinha cai abatido no Santos.
Repórter é feito para perguntar.
Ao fim de Fluminense 1 x 0 Santos, domingo, no Maracanã, Neymar, de volta ao time após 42 dias sem jogar, é questionado: “Resultado do jogo pode aumentar a pressão ao técnico Pedro Caixinha?”
Menos de 24 horas depois, Caixinha é demitido.
Técnico português estava no Santos há menos de três meses, tempo em que o Santos contratou pelo menos dez jogadores, entre eles o astro maior Neymar, gastando muito dinheiro. Caixinha estava à deriva desde a chegada do craque na Vila Belmiro.
E, por interferência de Neymar, Tite é o candidato mais forte a assumir o comando do Santos.
Acompanhe outras questões na temporada de caça aos treinadores.
Tão logo acaba jogo Grêmio 0 x 2 Flamengo, domingo (13/4), em Porto Alegre, a primeira pergunta dirigida ao técnico argentino Gustavo Quinteros: “A derrota pode custar sua saída do Grêmio?”
Campeão argentino em 2024 no comando do Vélez Sarsfield, Quinteros assume o Grêmio em janeiro de 2025. Menos de quatro meses, sua cabeça está na guilhotina.
Minutos antes de São Paulo 1 x 1 Cruzeiro, domingo, no Morumbi, João Belmonte, homem forte do futebol do Tricolor, é perguntado a respeito do futuro do técnico argentino Luís Zubeldía. Belmonte responde que Zubeldía entra com o time no jogo do próximo domingo (20/4) São Paulo x Santos.
Há um ano no comando do São Paulo, Zubeldía se equilibra no fio da navalha. Em três jogos no atual Brasileirão 2025, São Paulo acumula três empates. Universo mídia e torcida diz que o treinador argentino já tem prazo de validade mais do que vencido.
Fabio Carille, a cada fim de jogo do Vasco, tem de sair correndo aos vestiários para não ouvir as vaias da multidão cruzmaltina. Mesmo nas duas últimas vitórias de seu time. Carille está há quatro meses no comando do Vasco. Sobrevive mesmo com a cabeça servida na bandeja.
Abel Ferreira, veja bem, um dos maiores colecionadores de taças no Palmeiras, recebe uma saraivada de críticas e até o “Fora Abel” após perder o título do Paulistão 2025 para o rival Corinthians.
Duas semanas depois da explosão atômica da pseudo mídia esportiva nas redes sociais pedindo a queda de Abel, o silêncio se alastra. Palmeiras é o único time dos sete brasileiros na Libertadores 2025 com duas vitórias nas duas primeiras rodadas e divide a liderança do Brasileirão com o Flamengo.
Cabeças devem rolar no desfiladeiro sem fim do nosso futebol ao encerramento da quarta rodada do Brasileirão, entre terça-feira (15/4) a quinta-feira (17/4). Triste. Retrocesso do retrocesso. E a lista de candidatos à degola tende a aumentar. Aguardem.
Em nome de torcedores, mesmo sem procuração assinada, mídia esportiva, com raras exceções, entra na temporada da caça ilegal a treinadores de futebol.
Acompanhe trecho de abertura do livro “O Jornalista e o Assassino” , da jornalista e escritora Janet Malcolm:







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