Luiz Antônio Prósperi – 22 julho 2025, (22h31) –
Futebol brasileiro está pronto a encarar os grandes da Europa. Mundial de Clubes ilustra a tese. Na na na não. Dez dias após o Chelsea levantar a taça ouro da Tiffany, em New Jersey, na impiedosa vitória (3 a 0) contra o PSG, vivemos o caos. É como se nada tivesse acontecido nos EUA quando fomos elogiados por renomados técnicos da estirpe de Guardiola, Luis Enrique, Xabi Alonso, Enzo Maresca e o grã-cartola Gianni Infantino, presidente da Fifa.
Se descobre com faro fino de repórteres – ainda bem, eles resistem no jornalismo esportivo – toda a sorte de mazelas e descaso de dirigentes. Executivos (?) capazes de atrasar salários de jogadores e funcionários de clubes sem medo da lei. Atletas notificando na Justiça cobrando salários e direitos não pagos pela casta dirigente.
Negócios escusos, como contratar reforços e não pagar pela mercadoria. Torrar cartões corporativos dos clubes até em remédios para sustentar a ereção.
Mesmo os novos ricos de SAFs safadas não fogem à regra. Desembolsam fortunas, importam jogadores e muitas vezes a ordem de pagamento não chega ao destino.
Nem se fala aqui de uma tradição exclusiva do nosso futebol: degolar treinador um atrás do outro a cada rodada do campeonato nacional.
Expor atletas por mau comportamento em treinamentos sem cerimônia nem respeito, também parece praxe.
Incentivar invasões consentidas de massas de torcedores de facções organizadas nos locais de trabalho de jogadores e comissões técnicas. Maioria portadora de antecedentes criminais. “Vai por amor ou por terror”. Terror, de preferência.
Empilhar boleiros com músculos esgarçados tamanha sequência criminosa de jogos a semana toda, faça sol ou faça frio, no calendário para lá de insano.
Tem mais. Clubes endividados e clubes honestos sem dar calote não conseguem se unir em torno da criação de uma Liga única, onde o dinheiro seria repartido.
“Sabe quando vou aceitar receber 3,5 vezes a mais do que os clubes pequenos? Nunca! Não vai acontecer acordo nessas condições. O Flamengo não será desapropriado. Isso é a desapropriação de um ativo que é nosso…”, brada o Bap, presidente do Flamengo.
Na na na não. Estamos no meio da temporada 2025. Temos muito chão a comer poeira no futebol. Campos esburacados. Areia no lugar da grama. Ingressos abusivos. Mercado de jogadores inflacionado. Dinheiro das bets jorrando a rodo. CBF repartida entre caciques políticos regionais e judiciário. E a seleção conduzida por um dos sábios do futebol internacional, no caso um italiano.
Parece, alimentamos o caos. Não sobrevivemos sem a anarquia. Cada um cuida de si. Engana-se quem pensa que a Europa vai se curvar ao nosso futebol. Não precisam disso. O que tem de bom aqui eles já levam de baciada, tiram do berço apenas balançando o chocalhinho de bebê, enquanto pais e empresários ganham um mimo.





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