Luiz Antônio Prósperi – 1 fevereiro (00h05) –
Brasil é carnaval. Pessoas pulam, cantam, bebem e se amam, por paixão ou prazer. O futebol deveria parar nos quatro dias sob o reino de Momo. Que nada. É preciso girar a roda da grana. Então teremos jogos no sábado, domingo e segunda-feira de Carnaval nos famigerados campeonatos estaduais. E voltamos passar na testa as Cinzas da Quarta-Feira com a bola rolando. É de doer na alma do folião, é de exasperar os torcedores.
Engraçado nessa história é que tempos atrás boleiros reclamavam, desobedeciam as ordens e curtiam os sambódromos, avenidas, passarelas e inferninhos. Um nem aí com o time, clube e torcida.
Nossos craques lá fora, importantes no Barcelona, Real Madrid e outras potências da Europa, faziam de tudo para deixar o frio e esquentar a alma nos carnavais do Brasil.
Engatavam verdadeiras ponte-aéreas entre o velho continente e os trópicos. Tudo para fazer correr o sangue do batuque nas veias.
Quantas histórias Romário, Edmundo, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e outros menos avisados têm para contar do malabarismo que praticavam para escapar da bola e curtir o carnaval, seja na rua, passarela ou na festança particular.
Era um tempo em que samba e futebol caminhavam juntos, se não na harmonia, pelo menos no sentimento.
Comum ver craques, treinadores, cartolas pulando o miudinho com samba nos pés.
Não muito tempo atrás, a cervejaria Brahma, uma das maiores patrocinadoras do futebol, montava um megacamarote no sambódromo do Rio, a Marquês de Sapucaí, para abrigar a comunidade do futebol.
Pajelança regada a muito álcool, comes, beldades, celebridades, patrocinadores, puxa-sacos, mídia e tais quais. Maradona, Zico, Ronaldo Fenômeno… centenas de boleiros vestindo o abadá da marca de cerveja.
Havia maior cumplicidade do futebol com o carnaval. Nada de jogo. E muito samba.
Há quem diga e prova que um é extensão do outro.
Hoje, parece, não tem nada disso. Jovens jogadores encantadores de plateias europeias e muitos dos nossos candidatos a craque por aqui preferem o recato.
Trocam as avenidas do samba por milhões de seguidores nas redes sociais. Sambam à vontade nos vídeos e vivem à escravidão dos clics no Instagram.
Talvez esteja aí a razão da pouca criatividade e raro talento de nossos craques nos campos de futebol.
Driblar no Insta é mais fácil. Carnaval é para boleiro aposentado.





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