
“Nós precisamos deixar muito claro para as torcidas organizadas que elas têm uma escolha: ou elas escolhem o lado da lei, da ordem, da segurança pública, do Ministério Público, da Justiça ou dos torcedores bandidos. Não vai ficar mais no meio termo. Se escolherem o nosso lado, muito bom, vão nos ajudar a expurgar os criminosos das torcidas. Se escolherem o lado dos torcedores bandidos, serão tratados como tais.”
Com essa fala, nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, 15/04, Alexandre Moraes, chefe da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, DECLAROU GUERRA às torcidas organizadas de clubes paulistas.
Era o início da “Operação Cartão Vermelho”, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com o Ministério Público, com 98 mandatos judiciais, prisões e buscas nas sedes das torcidas organizadas Gaviões da Fiel e Pavilhão 9 (Corinthians) e Mancha Alvi Verde (Palmeiras). A ação dos policiais e do MP se estenderam também por Guarulhos, Campinas, Santos e municípios da Grande São Paulo.
Nesse começo de batalha, 28 torcedores haviam sido detidos até às 12h entre os 37 mandados de prisão expedidos pelas autoridades. Todos presos, em regime preventivo, teriam participado dos confrontos entre facções organizadas antes, durante e depois do clássico Palmeiras 1 x 0 Corinthians, no domingo retrasado.
Com a Operação Cartão Vermelho, a Secretaria de Segurança de São Paulo espera diminuir a violência que se alastra no futebol paulista há pelo menos três décadas, com mortes, confrontos entre torcedores munidos de pedaços de cano, tacos de madeira, bombas e revólveres. Há uma semana, a Secretaria também havia determinado torcida única nos clássicos em São Paulo.
Bom lembrar que, nos últimos meses, facções organizadas têm intensificado protestos, com grandes manifestações nas ruas e estádios, contra o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), promotor público que havia liderado uma campanha contra as organizadas em 1996, muito antes de ser eleito a um cargo no legislativo, que, segundo investigações, estaria envolvido no escândalo da Merenda Escolar.
Parte das torcidas organizadas também tem protestado contra a Federação Paulista de Futebol, CBF, TV Globo.

Coincidência ou não, a Operação Cartão Vermelho foi deflagrada nesta manhã de sexta-feira, dia previsto para uma manifestação de torcedores organizados convocada para as 17h no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo.
“Convocamos todos nossos sócios, quebradas, pontos de encontros, subsedes, as torcidas organizadas do Corinthians (Camisa 12, Pavilhão 9, Estopim, Coringão Chopp, e Macabra) e todos os corintianos que apoiam nossas pautas a participarem da manifestação da Gaviões da Fiel a partir das 17h no Vale do Anhangabaú”, diz o boletim que tem como mote “Contra todo Ditador que no Futebol Quiser Mandar.
Por volta das 18h desta sexta-feira, integrantes da Gaviões da Fiel cumpriram o que haviam prometido e foram protestar no Vale Anhangabaú – os organizadores do evento não informaram, até às 18h30, quantas pessoas participaram da manifestação. Nos discursos, eles condenaram o ato da Secretaria de Segurança ter fechado a sede da torcida organizada, a TV Globo, Capez, CBF e FPF.
Seja qual for o desfecho, vem chumbo grosso aí. Gaviões da Fiel e Mancha Alvi Verde também estão em guerra desde 2011.
Em outras facções também o sangue derramou. Em abril de 2015, oito pessoas foram assassinadas em uma chacina na sede da Pavilhão 9, uma das organizadas do Corinthians. Autoridades disseram que era uma vingança no negócio das drogas. Um policial militar e um ex-PM foram presos em maio daquele ano, apontados como suspeitos pelas mortes.
De maio de 2015 a março de 2016, mais mortes aconteceram entre confrontos de torcedores ligados às torcidas organizadas de clubes paulistas.
Quem gosta de verdade do futebol deveria dar um jeito de ver o teipe, seja na TV ou na internet, do jogo Liverpool 4 x 3 Borussia Dortmund, pela Uefa League, nesta quinta-feira, 14/5, com um show das duas torcidas.
Ali está um decreto histórico de amor ao futebol.