País Gales votou para sair da União Européia, 52,5% a favor do “Brexit”. Irlanda do Norte votou não, 55,8% para ficar. Duas posições bem distintas no mundo da política. Dois dias depois da histórica decisão do Reino Unido, as duas seleções das Ilhas Britânicas se enfrentaram neste sábado de abertura das oitavas de final da Eurocopa. O surpreendente País de Gales derrotou a festiva Irlanda do Norte por 1 a 0 e avançou. E disse sim à Euro do futebol.
Uma classificação para lá de histórica. Galeses não chegavam à fase final de uma competição de peso desde a Copa do Mundo de 1958 na Suécia, quando foram eliminados pelo Brasil com direito ao primeiro gol de Pelé em um Mundial. Pois, chegaram na sua primeira Eurocopa, passaram da primeira fase, venceram as oitavas e já estão entre as oito mais bem classificadas na França.
ANÁLISE DO JOGO
Difícil imaginar que as questões política tiveram peso no jogo entre galeses e norte-irlandeses neste sábado (25/6). Talvez, não. Nem mesmo nas arquibancadas do estádio Parque dos Príncipes, em Paris, se percebeu alguma nuvem de tensão entre as torcidas.
Dentro de campo, se não houve interferência do “Brexit”, Gales e Irlanda do Norte deveriam dar maiores explicações para o péssimo futebol que praticaram no primeiro tempo. Foram 45 minutos inúteis, sem chance de gols, nenhuma jogada mais plástica, elaborada.
De escassos recursos técnicos os dois times se limitaram a marcar. Nem Gareht Bale, a estrela solitária da partida, conseguiu fugir da mesmice. Faltou ao atacante do Real Madrid a intuição dos grandes jogadores, sobrou suor. Bale foi a tradução perfeita de Gales.
Do lado da Irlanda do Norte, fora o show costumeiro de sua simpática e criativa torcida, se viu um pouco mais e organização, entrega na marcação e mais nada. Seria cruel exigir muito mais que isso de uma seleção limitada.
No segundo tempo, o jogo continuou fraco, de muitas bolas esticadas. Quando os dois times já mostravam sinais de cansaço, os galeses imprimiram velocidade na saída de bola, mas dessa vez com ela na grama e não no alto.
De uma dessas trocas de passes entre Ramsey e Williams, a bola chegou a Bale na ponta-esquerda. O cruzamento saiu seco e o afobado zagueiro McAuley (foto abaixo) desviou para dentro do seu próprio gol, aos 30 minutos. O gol contra silenciou a parte verde do estádio, um castigo à torcida mais esfuziante dessa Euro. E tirou das cadeiras, a parte vermelha, até então mais tensa no Parque dos Príncipes.
A partir do gol a seu favor, Gales assumiu o controle da partida. Ramsey fez valer a autoridade da camisa 10. Sua missão era gastar o tempo e, se possível, servir Bale.
Os norte-irlandeses, respirando por aparelhos, precisavam de algo mais do que força de vontade. Corriam por um empate salvador para levar a decisão à prorrogação. O tempo era curto. E não deu tempo de reverter.
Galeses, por sua vez, sabiam que estavam a poucos minutos de escrever outro capítulo importante de sua história. Resistiram e retribuíram com a vitória aos cantos de seus torcedores que desde cedo em Paris pediam: “Não nos faça voltar para casa, queremos continuar bebendo na França”.
I
PORTUGAL SOBE
Quaresma liquidou a Croácia a três minutos do fim do segundo tempo da prorrogação. Foi dele o gol da classificação de Portugal, ao aproveitar um rebote de Subasic em chute de Cristiano Ronaldo. Esse gol e o que Pepe salvou em arremate de Srena levaram a seleção portuguesa ao céu.
O jogo foi mais físico do que técnico. Os croatas, mesmo desgastados, controlaram a partida por mais tempo, mas sem muita incidência no ataque.
Portugal desde o início teve como proposta se defender bem e contragolpear pesado, com Cristiano Ronaldo no comando. Uma estratégia assumida de que o adversário tinha mais poder de fogo.
Nesse cenário, as duas defesas prevaleceram. Os 90 minutos seriam mesmo de empate sem gols. Na prorrogação, os portugueses reforçaram a tese dos contra-ataques e aproveitaram a agonia da Croácia em busca do gol.
Quando a decisão se encaminhava aos pênaltis, surgiu o contra-ataque português com Renato Chaves e Quaresma. Cristiano Ronaldo, meio escondidinho dos zagueiros, surgiu na grande área. Recebeu de Quaresma e bateu para o gol. Subasic rebateu e Quaresma liquidou a fatura.
Croatas desabaram no campo e nas arquibancadas. Modric caiu no choro. Portugueses explodiram de alegria no estádio e nas ruas parisienses. Portugal chegava nas quartas de final e agora vai enfrentar a Polônia.
INJUSTIÇA
Polônia nas quartas de final e a Suíça de volta para casa. É a primeira injustiça que Eurocopa produz neste sábado de abertura das oitavas de final.
De futebol pobre, sem um pingo de imaginação, sem troca de passes e baixíssima posse de bola, poloneses deveriam ter ficado no meio do caminho. Derrotaram os suíços na decisão por pênaltis (5 a 4), após o empate por 1 a 1 nos 90 minutos.
Como prêmio consolação à Suíça, o gol espetacular de Shaqiri, aos 37 do segundo tempo – a Polônia havia saído na frente, com Blasczzykowski, aos 39 do primeiro. Só por esse gol, um voleio acachapante, os suíços mereceriam algo mais na Euro. Incompetentes na cobrança dos pênaltis, se despediram com aplausos à sua gente em Saint-Etienne.
Classificada às quartas, a Polônia vai enfrentar Portugal.
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