Gabriel Jesus não precisa do tempo. O tempo é que precisa de Gabriel Jesus. Ligeiro, determinado, pulveriza seus marcadores com um piscar d’olhos. Fulmina goleiros com extrema desenvoltura como se manobrasse um brinquedo. Não treme e faz tremer zagueiros, sejam eles durões ingleses constituídos de uma muralha de músculos. Quem entendia ou entende tudo isso como um exagero, dever mudar de posição a partir da exibição de Jesus na sua estreia no Campeonato Inglês com a camisa do Manchester City nesta quarta-feira (01/2).
Seu time enfiou 4 a 0 no West Ham. Um gol dele e um passe – na linguagem do futebol de hoje, uma assistência –, impecáveis. Titular desde o início ao fim da partida, o garoto de 19 anos impactou analistas europeus de futebol e fez Pep Guardiola abrir um enorme sorriso, circunspecto que andava nas últimas semanas diante de resultados ruins do City. Nem poderia ser de outra maneira, Jesus deu o sinal. Vem aí um mundo fantástico nos pés desse menino dono de um enorme talento.
Assombra sua história. Há pouco menos de cinco anos, Gabriel Jesus jogava na várzea defendendo as cores do Jardim Peri, bairro das beiradas de São Paulo. Pescado pelo Palmeiras, pediu passagem aos 17 anos e, com apenas um ano e meio no time principal, conquistou corações palmeirenses com o título da Copa do Brasil (2015), Brasileirão (2016) e dono da camisa 9 da Seleção Brasileira com cinco gols em seis jogos.
Jogar na Inglaterra, no City de Guardiola, desembarcando no meio da temporada europeia com um frio de gelar os ossos, seria um sacrilégio. Muito se disse que era preciso dar um tempo ao menino. Como Jesus não precisa de tempo, sua consagração se deu contra o West Ham. Uma exibição digna de chamar atenção e emitir um comunicado que ele vai passar fácil pela trilha deixada na Europa por Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e, ainda a caminho, Neymar. É só esperar. O tempo precisa de Gabriel… Gabriel Jesus, não. Ele faz acontecer.