Corinthians não levou adiante o impeachment do presidente Roberto Andrade. Por decisão do seu Conselho Deliberativo, com 183 votos a favor de Andrade e 81 contra, não foi admitida a possibilidade de afastar o dirigente nesta noite de segunda-feira (20/2). O processo se arrastava há quatro meses. Nos bastidores do Parque São Jorge se tem como certo um amplo acordo costurado dentro do grupo que estava rachado e governa o clube desde 2007 quando Andrés Sanchez se elegeu sucessor de Alberto Dualib. Sanchez terá mais peso na gestão de Andrade, cujo mandato acaba apenas em fevereiro de 2018.
“O presidente errou na administração em algumas atitudes, mas isso não configura dolo. A gente tem que tomar cuidado. Essas pessoas que falaram em impeachment têm muito a perder. Graças a Deus o Conselho é soberano e decidiu que não (afastar Andrade). É óbvio que, em um clube de futebol do tamanho do Corinthians, tem que delegar e dividir. Você sozinho não consegue ver tudo no clube. É importante que ele (Roberto) tenha entendido isso”, disse Andrés, logo após a decisão dos conselheiros.
E deu a letra a respeito de um convite para voltar a participar da administração do clube: “Eu nunca vou falar não para o Corinthians.”
Com Andrés do lado, Andrade vai ter de ouvir e acatar muitas das sugestões e até imposições do ex-presidente. Dos problemas imediatos do time de futebol ao pagamento da enorme dívida do Itaquerão. Não por acaso Andrade acenou com a conciliação proposta por Sanchez.
“O processo de impeachment nada mais era que algo político. Queriam antecipar a votação. Tiramos uma lição muito grande disso tudo. O Corinthians sai fortalecido. Já vimos que o Conselho tem consenso, pensa no clube. Infelizmente, não são todos, mas a grande maioria. A decisão do Conselho vai servir para pacificar o clube. Vamos conversar com as pessoas de bem e fazer um mandato sem grupo político. Quem quer o bem do clube, que se junte a nós para colocar o Corinthians definitivamente no lugar mais alto dele.”
Acertados os ponteiros, todos caminhos levam à candidatura de Andrés Sanchez à presidência do Corinthians daqui a um ano. Eleito ao comando do clube, no início de 2018, Sanchez poderia até renunciar a seu mandato de deputado federal pelo PT-SP. O cartola não esconde de ninguém sua decepção com a política parlamentar desde que assumiu o cargo em 2014.
O vice André de Oliveira, o conhecido André Negão, também briga para ser candidato.Se Andrade sofresse o impeachment, ele assumiria a presidência. André é parceiro de Andrés desde 2004 quando trabalharam juntos no comando das categorias de base do clube. André vai pedir passagem a Andrés e lançar sua campanha de olho em 2018.
Até lá é preciso recuperar o Corinthians no âmbito esportivo e financeiro. Depois de uma longa travessia com títulos do Brasileirão, Libertadores e do Mundial, o clube embicou em uma crise técnica que se agravou na temporada passada com a saída de Tite para assumir a Seleção Brasileira. Sem caixa e queda acentuada de público no Itaquerão crescem as dificuldades para pagar a dívida do estádio. Neste momento clube negocia um alongamento do débito da arena com a Caixa Econômica Federal.
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Esse é o maior desafio de Andrade no último ano de seu mandato. Corinthians precisa de um time forte para trazer a Fiel de volta ao Itaquerão e aumentar arrecadação nas bilheterias. Um teste é o clássico desta quarta-feira (22/2) contra o Palmeiras. Uma derrota pode injetar combustível nas críticas aos jogadores e, em especial, ao técnico Fabio Carille.
Não custa lembrar que Andrés Sanchez vai ter peso nas próximas decisões de Roberto Andrade. Em seu livro autobiográfico “O Mais Louco do Bando” (publicado em 2012), na página 91, Andrés relata: “… As primeiras felicitações que recebi (quando foi eleito presidente em 2007) vieram do presidente do arquirrival, o tricolor Juvenal Juvêncio, e do meu amigo Vanderlei Luxemburgo, aos quais de imediato liguei de volta…”
Corinthians precisa contratar ótimos jogadores de volta e de peso e contratar um ótimo gerente de futebol e um otimo tecnico
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