Cruzeiro campeão. A culpa é dele?

Alex Muralha, goleiro do Flamengo

Torcedores do Flamengo usaram as redes sociais para acusar Alex Muralha pela derrota para o Cruzeiro na decisão por pênaltis da Copa do Brasil. Bateram no goleiro alegando que ele adotou estratégia errada nas cobranças dos cruzeirenses, saltando sempre para a direita em todas as cobranças. Diego, que teve seu pênalti defendido por Fabio, foi poupado.

O Cruzeiro não tem nada com isso. É pentacampeão da Copa do Brasil. Conquistou o quinto título, após um arrastado jogo que acabou no empate sem gols com o Flamengo nesta quarta-feira diante de mais de 60 mil torcedores no Mineirão. Nas cobranças de pênaltis, eterna disputa entre heróis e vilões, time mineiro acertou as cinco e o Fla, três – Diego, convocado por Tite e principal jogador da equipe carioca, bateu o terceiro pênalti e Fabio defendeu.

A taça do Cruzeiro de 2017 se junta às de 1993, 1996, 2000 e 2003 dando ao clube mineiro a condição de maior campeão da Copa do Brasil ao lado do Grêmio. É o segundo título desse torneio que o técnico Mano Menezes conquista – foi campeão com o Corinthians em 2009.

O jogo não foi grande, muito menos inesquecível. Começa com um drama. Garoto Raniel, de 21 anos, no seu primeiro lance sente dores nas duas coxas, cai, chora como uma criança, e sai aos 3 minutos substituído por Arrascaeta.

A troca obriga o Cruzeiro a mudar de estratégia. Não havia mais um atacante velocista de bom drible a ser lançado. Situação se impunha um jogo de mais de troca de passes, habilidade e sem referência dentro da área. Thiago Neves se adiantou e formou parceria com Arrascaeta.

Time mineiro se encorpou mais, passou a jogar curto, sem bolas esticadas, e, de certa forma, criou alguns embaraços à marcação do Flamengo. William Arão e Cuellar demoraram a entender o que deveriam fazer para inibir essa ação ofensiva do adversário.

Cruzeiro campeão da Copa do Brasil 2017
Jogadores do Cruzeiro levantam a taça de campeão da Copa do Brasil- foto: Mowa Press

Se lá atrás havia algum desentendimento, do meio para frente o time carioca enfrentava problemas graves. Diego, o pensador do Fla, não encontrava espaços para criar. Omisso, quase não se percebeu sua presença em campo.

Sem a participação efetiva de seu mentor, time carioca esticou muitas bolas para Guerrero e Berrío se debaterem com os marcadores. Muito ombro a ombro e nada de levar perigo ao goleiro Fabio.

Dentro desse esquadro, a decisão da Copa do Brasil não teve fortes emoções no primeiro tempo. Nem Cruzeiro e muito menos Flamengo provocaram suspiros nos torcedores. Um retrato preciso da falta de criatividade, imaginação e ousadia que acamparam no futebol brasileiro nos últimos tempos. Burocracia e pragmatismo a desserviço da patente do jogo da bola no país pentacampeão do mundo.

No segundo tempo, Mano Menezes voltou com Rafinha no lugar de Robinho, com cansaço muscular. Essa mudança obrigou o treinador a investir mais no ataque no setor direito, com velocidade e vertical. Por dez minutos o time de Minas encantoou o adversário carioca. Rondou a área de Muralha e vacilou em duas finalizações.

Flamengo se libertou dessa amarra ao sair da área de recuo para tirar o conforto do Cruzeiro. As forças se equilibraram e o jogo baixou a fervura. Morna, sem nada de interessante e sem obrigar os goleiros Fabio e Muralha a trabalhar, a partida ficou ainda mais sem graça.

Por volta dos 30 minutos, em um sequência de lances de bola parada, surgiu a primeira ocasião de gol: cruzamento de Thiago Neves, com Muralha desvia com uma tapa e Arrascaeta, no susto, quase marca com a bola batendo no seu rosto. Após esse lance fortuito, Rueda, enfim, resolveu mexer no seu time. Trocou o inútil Everton por Lucas Paquetá. Cenário não mudou.

Quando ninguém mais conseguia pensar, Guerrero deu um susto na torcida do Cruzeiro ao receber um lançamento, se livrar de Léo e bater firme de pé esquerdo obrigando a Fabio a grande defesa, a única do jogo, aos 40 minutos. E não aconteceu nada mais de interessante, depois do chute de Guerrero, até o árbitro dar fim a agonia e levar a decisão aos pênaltis.

Nas cobranças, Henrique, Leo, Hudson, Diogo Barbosa e Thiago Neves marcaram para o Cruzeiro. No Flamengo, Guerrero, Juan, Trauco acertaram e Diego teve seu pênalti defendido por Fabio. Cruzeiro campeão.

A culpa é de Alex Muralha?

(texto publicado no CHUTEIRA FC – leia mais notícias e debate sobre futebol)

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s