Luiz Antonio Prósperi, de Moscou / Rússia
Tite tem problemas de sobra na gestão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Rússia. Douglas Costa e Danilo, opções no setor direito da defesa e ataque, estão machucados e fora do jogo decisivo contra a Sérvia na quarta-feira (27/6). Paulinho não rende o de costume. Por fim, o mais complicado, Neymar, atormentado com críticas e em guerra contra os chamados “antis”, nova nomenclatura para apontar os desafetos do craque.
O caso de Neymar parece ser até aqui o mais grave. Incomodado, jogador guarda silêncio e evita a imprensa como o diabo da cruz. Não deu uma palavra em público ainda desde que a Seleção desembarcou na Rússia, em 10 de junho.
Em contrapartida, todos seus gestos estão na mira do canhão. Corte de cabelo, choro compulsivo após a vitória agônica contra Costa Rica, quando fez um gol, batalhas e mais batalhas nas redes sociais, e eventuais privilégios na concentração da Seleção, o Swisshotel Resort no balneário de Sochi.
A situação chegou ao extremo de seu pai pedir uma trégua aos amigos, chamados de “parças”, na guerra contra os “antis”. Por meio das redes sociais, Neymar pai fez a súplica neste domingo (24/6):
“Pessoal, Neymar pai falando. Gente, segura as redes sociais com xingamentos direcionados a quem quer que seja. Se quiserem apoiar o Juninho (Neymar), que seja de uma forma positiva de apoio e amizade. Vamos esquecer os antis e seja lá quem for. Vamos vencer essa Copa com a torcida e a premissa de Deus. Sei o quanto vocês amam meu filho e querem protegê-lo, mas essas atitudes só irão contaminá-lo com a mesma revolta, por ele também amá-los. Vamos usar as armas e escudos certos, com oração e fé de que no final tudo dará certo, se Deus quiser. Aos amigos, meu pedido. Abraços, Ney pai”.
Entre os “antis” mencionados pelo pai sobra até para TV Globo e sua equipe. Os chamados “parças” já bateram duro nos profissionais da emissora que, na opinião deles, joga contra Neymar na Copa.
Tite não queria nem de perto enfrentar essa encrenca. Por enquanto administra no que ele chama de parte interna do grupo da Seleção. Trata do caso entre seus inúmeros assessores de comissão técnica e líderes dos atletas. Inclusive já teve conversa particular com Neymar. Na chamada parte externa, Tite minimiza o poder de estrago dessa bomba.
Por sorte do treinador, a maioria dos jogadores, para não dizer todos, está com Neymar. Thiago Silva se diz irmão mais velho do craque e não deixa ninguém chegar perto. Outros como Fagner também adulam o astro da companhia.
“Imagino por tudo o que o Neymar passou. Cada um reage de uma forma. A dele ali (choro depois do jogo contra Costa Rica) foi de extravasar. Sabemos o que cada atleta passou para poder estar naquele momento. Acho que passou um filme na cabeça dele, fazer o gol, disputar mais uma Copa. Todo atleta tem seu sentimento, é ser humano. Mas o grupo todo está com o Neymar, vai dar o apoio, o suporte”, disse o lateral do Corinthians em Sochi.
Neymar à distância procura passar tranqüilidade e personalidade. No pouco tempo que a imprensa tem de acesso aos jogadores nos treinamentos foi possível perceber o bom estado de ânimo do jogador neste domingo – lembrando que os atletas tiveram folga no sábado à noite.
Seja qual for o desfecho dessa guerra entre Neymar e os antis, Tite tem mesmo é de quebrar a cabeça para devolver o bom futebol à Seleção. Ele já não conta com Danilo e Douglas Costa na partida decisiva contra Sérvia. E corre risco de ficar sem os dois no resto da Copa.
“Estamos otimistas com a participação de Douglas Costa ainda dentro da competição, dependendo claro do nosso desempenho dentro da Copa. Não estamos poupando esforços para que ele possa ainda nos ajudar nessa trajetória”, disse o médico Rodrigo Lasmar. “Não podemos dar dia de retorno para casos de lesão muscular. Estamos otimistas sobre a participação deles (Danilo e Douglas) ainda na competição.
Tite ainda tem de pensar em Paulinho, de cabeça boa, mas longe de produzir o que pode. A corda aperta.
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