Neymar divulga vídeo no TikTok declarando apoio ao candidato Jair Bolsonaro. Em seguida, Felipe Mello reúne sua família, veste amarelinha, e repete gesto do camisa 10 da Seleção Brasileira. O técnico Renato Gaúcho entra no jogo e reforça o time de bolsonaristas do futebol. A reação ao vídeo de Neymar foi forte no Brasil e na Europa.
“Sua atitude (de Neymar) parece completamente esquizofrênica quando se considera que muitos dos jogadores da Seleção são negros ou pardos, e que são os primeiros a ficar indignados, e com razão, quando um de seus próprios jogadores é vítima de racismo”, disse o jornal Libération, de Paris, cidade onde Neymar reside e joga no Paris Saint-Germain (PSG).
“E ao mesmo tempo, apoiando um candidato (de extrema-direita) que certa vez disse que seus filhos ‘não se apaixonarão por uma mulher negra porque foram muito bem educados’”, conclui o jornal.
As manifestações de Neymar, Felipe Mello e Renato Gaúcho dominaram a cena na quinta-feira (29/9), horas antes do Debate da Globo.
“Me revolto quando vejo jogador de direita. Nós viemos de baixo, fomos criados com a massa. Como vamos ficar do lado de lá? Vai apoiar Bolsonaro, meu irmão?” – Juninho Pernambucano, jornal El País, ao repórter Breiller Pires
Quem acompanha a carreira dos três não se surpreendeu com a posição que eles tomaram a três dias das eleições presidenciais. Desde 2018, Neymar, Felipe Melo e Renato Gaúcho estão do lado de Bolsonaro.
Em nenhum momento os três fizeram qualquer crítica ao presidente na forma como conduziu a Covid, queimadas na Amazônia, manifestações homofóbicas, racistas e desprezo às mulheres.
Neymar talvez tenha motivos de sobra para se abrigar na trincheira de Bolsonaro. Há pelo menos dois anos, Neymar pai negocia com o governo Bolsonaro uma multa aplicada pela Receita Federal no valor de R$ 188 milhões, por problemas no exercício fiscal das empresas de Neymar Jr entre 2011 e 2013.
Por enquanto, não se tem notícia se a dívida das empresas de Neymar foi equacionada ou até mesmo perdoada pelo atual governo.
O craque também está encrencado na Espanha e vai a julgamento nem novembro por problemas coma Receita espanhola na sua transferência do Santos para o Barcelona em 2013.
Ao divulgar o vídeo de apoio a Bolsonaro, com direito a dancinhas e o número do candidato na urna eletrônica, Neymar se viu alvo de críticas pesadas.
“Neymar, esse vídeo de apoio a Bolsonaro, com essa dancinha, parece o seu comportamento na Copa de 2018, em que você só se jogava no chão e foi patético. Agora você está no chão novamente, só que com um assunto ainda mais sério… apoiando o candidato mais preconceituoso da história política brasileira, que já soltou falas homofóbicas, machistas e obviamente racistas”, bateu Casagrande.
A resposta de Neymar é um direito do cidadão. Assim como os que criticam sua decisão também têm o direito de opinar. É da democracia.
O fato é que a maioria da classe de jogadores brasileiros de futebol não têm posição política. Não seria surpresa se declarassem de direita.
Rivaldo, Marcos (goleiro), Lucas Moura, Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, defendem Bolsonaro e já declararam voto no presidente. Robinho, condenado por estupro na Itália, aderiu ao presidente nesta sexta-feira (30/9).

Do outro campo da política, os de esquerda, Raí, Juninho Pernambucano, Casagrande estão engajados na candidatura do ex-presidente Lula. Os três ex-jogadores representam, por exemplo, o pensamento de dois expoentes do futebol brasileiro: Reinaldo (foto acima) e Sócrates quando se posicionaram contra a Ditadura Militar no Brasil e lutaram pela Democracia.