Euro 2020 – Dinamarca 1 x 2 Bélgica – 17/6, Copenhague
Dinamarca x Bélgica não seria um jogo normal nesta quinta-feira em Copenhague. Na tabela, partida válida da segunda rodada do Grupo da Eurocopa 2020. Belgas vinham de uma vitória (3 a 0) na estreia contra a Rússia em São Petersburgo. Dinamarqueses amargavam derrota (0 a 1) para Finlândia em casa e, até por isso, precisavam de vencer a Bélgica. O confronto tinha algo mais: jogar em nome de Christian Eriksen.
Christian estava no hospital na hora do jogo. “Ressuscitado” no domingo, quando caiu desacordado no gramado aos 43 minutos da partida Dinamarca x Finlândia e voltou à vida com ação de paramédicos ainda no campo, o craque dinamarquês seria honrado por seus companheiros no Parken Stadium. E referenciado pela imensidão vermelha nas arquibancadas do estádio.
Quando o árbitro holandês Bjorn Kuipers paralisou o jogo, aos 10 (número da camisa de Eriksen) minutos, sob aplausos do juiz, dos 22 jogadores no campo, técnicos, suplentes e todo o estádio gritando “Christian”, a Dinamarca já vencia por 1 a 0. Gol de Poulsen, aos 2 minutos, tirando proveito de falha coletiva da defesa belga. Gol como um relâmpago. Surpreendente.
Nas tribunas, a multidão abriu uma faixa “Toda a Dinamarca está com você, Christian”.
Estava cristalina que a seleção dinamarquesa jogava mesmo em nome de Christian Eriksen. E seus companheiros de time não fugiriam à luta.
Sufocaram a Bélgica, estrangularam o futebol cadenciado e patenteado pela geração de Kevin De Bruyne, e, por pouco, não ampliaram a vantagem.
Assustada com avalanche vermelha, a Bélgica só enxergava um caminho, aquele de esticar bolas a Lukaku. Sem companhia, o atacante não respondeu ao gol. E a Dinamarca cumpria a primeira parte de sua meta ao se matar pelo ídolo caído.
No segundo tempo, a Bélgica volta com seu astro De Bruyne, 29 anos – ainda se recuperando de fraturas na face –, que estava no banco de reservas.
De Bruyne precisa apenas de 10 minutos para revirar o jogo. De uma bola recuperada, o craque lança Lukaku, que arranca como uma pantera rumo à grande área. De Bruyne acompanha o atacante, recebe a bola de volta, se livra com um cinismo de dois marcadores e serve Thorgan Hazard para o toque final: gol de empate dos belgas – 1 a 1.
A história de um jogo, que não tinha nada de normal, começava a mudar. A honra seria a Christian, mas o futebol teria assinatura De Bruyne com rubrica de Lukaku.
Lukaku aparece de novo. Recupera bola perdida no setor defensivo dinamarquês, penteia a bola e serve a Eden Hazard, que, em toque sutil, rola até De Bruyne bater seco e cortante: Bélgica vira, 2 a 1, aos 25 minutos.
Segundo gol belga vem com silêncio no Parken Stadium. Mesmo sob o desconsolo dos dinamarqueses nas tribunas, companheiros de Eriksen insistem em busca de um empate redentor. Braithwaite manda uma bola no travessão, aos 40. Courtois vira alvo de um petardo atrás do outro. Em vão.
Enfim, a Dinamarca se rende ao futebol extraordinário de Kevin De Bruyne. Torcedores cantam no estádio ao fim do jogo e aplaudem, mesmo com seu time derrotado. Todos em nome de Christian.
