No fim da história, Messi levanta a taça e Neymar derruba lágrimas. Um prêmio ao craque argentino e um duro castigo ao brasileiro nesta Copa América torta, ao capricho do governo do Brasil e do arroubo da CBF. Tite pode pagar a conta.
Não era esse o enredo. No continente assolado pela COVID, seria inimaginável jogar um torneio dessa magnitude. Presidente do Brasil disse sim e abraçou a causa de se disputar a Copa América, embarcando na desfaçatez da CBF – naquela altura com um presidente lunático e acuado diante da acusação de assédio moral e sexual.
Como o futebol não tem nada com isso, apesar de vítima da mazela de governantes e entidades sujas, se vê recompensado com a vitória da Argentina.
Sim, da Argentina. Simplesmente porque em uma de suas camisas habita Lionel Messi. Disparado o melhor jogador da Copa América, Messi botou na cabeça que teria de ser campeão. E deitou a bola ao longo do torneio. A consagração se deu no capítulo final contra o Brasil de Neymar.
Não por acaso, ao apito final no Maracanã neste sábado, Messi se ajoelhou, chorou, se viu submerso por todos companheiros de time e lançado ao céu na celebração da conquista argentina. Cá entre nós, Messi e o futebol mereciam essa glória.
Há 28 anos Argentina não beijava uma taça. A vida inteira Messi perseguia um título de relevância com a seleção de seu país. Essas duas linhas se encontraram na estação do Maracanã. Perfeito.
E a Seleção Brasileira, contemplando a farra de Messi e companhia, agora procura o divã. Uma busca, provável, sem Tite.
A derrota da Seleção passa sim pela teimosia de Tite. Há cinco anos o treinador insiste em modelos com patentes de europeus e sem um pingo das cores do futebol brasileiro.
Quem aposta em Danilo, Renan Lodi, Alex Sandro, Fred, Paquetá, Douglas Luiz… jogadores com quilometragem gasta como Firmino, Thiago Silva… não vai longe nem perto.
Tite insiste em ser tático, quadrado, fiel às planilhas preparadas por seus assessores que nunca chutaram uma bola – César Sampaio a exceção. O mais ilustre deles, o filho Matheus.
Nas planilhas do auxiliar Kleber Xavier constam, por exemplo, que Fred é um dos reis dos desarmes no futebol inglês vestindo camisa do Manchester United. Grande porcaria. Com três minutos de jogo diante da Argentina, Fred recebeu cartão amarelo por falta e não voltou do intervalo. Nesta Copa América saiu antes do fim na maioria dos jogos trocado por outros coadjuvantes de Tite.
O exemplo de Fred, aposta equivocada do treinador na Copa do Mundo de 2018 e de volta à Seleção quase quatro depois, ilustra a pouca visão que Tite tem do futebol.
Tite, aliás, não encaixa a Seleção com alto poder de criação, imaginação, improviso nos momentos em que é mais exigida.
Não fosse Neymar, e os pecados de Tite seriam ainda mais visíveis.
E se a CBF estivesse navegando em águas calmas, uma hora dessa Tite não seria mais técnico da Seleção Brasileira.
Não será surpresa se Tite pagar essa conta em breve. Sem comando, a CBF pode procurar um novo salvador da pátria como é praxe no futebol brasileiro. A conferir.
Lionel Messi não tem nada com isso. Sua conquista já faz parte da história. Enquanto o craque argentino levantava a taça, Neymar se debruçava em lágrimas.
O Brasil de Neymar, a seguir com Tite, não tem futuro na Copa do Mundo de 2022. Argentina de Messi pode, enfim, subir a montanha.