Abel Ferreira acerta um violento pontapé no microfone de campo da TV Globo, poucos minutos antes de o Palmeiras conquistar a Supercopa do Brasil diante do Flamengo. É expulso. E vira “desrespeitoso com as mulheres”, “psicopata”, “um homem negro fazendo isso, talvez seria massacrado”… Tudo isso relatado por alguns jornalistas, analistas de futebol e curiosos de plantão.
Tem mais: “Condena”, “Chega, passou dos limites”, “Comportamento deplorável”, “É dos maiores treinadores do Brasil, mas precisa se colocar em seu devido lugar”, “A intercorrência de Abel Ferreira com Arrascaeta foi ridícula… Acho preocupante e me parece um método pensado”.
Pouco se falou a respeito de como Abel armou o Palmeiras para derrotar o Flamengo. As estratégias, o que deu certo, o que deu errado. Os equívocos ou não de Victor Pereira na condução do Rubro-Negro.
Mais fácil é jogar pedra na Geni. Ela dá pra qualquer um, maldita Geni.
Treinador chiliquento não é privilégio de Abel Ferreira. Lá atrás, nos anos 1980, Telê Santana não chutava microfones, mas comprava brigas homéricas com os que maltratavam o futebol.
Bem antes desse tempo, Yustrich, o “Homão”, intimidava desafetos na década de 1960 não pelo grito e sim na força física. Cilinho “convidava” eventuais detratores a ir ao “cantão” onde a questão seria resolvida na base da violência.
Há pouco tempo, meados dos anos 1990, Vanderlei Luxemburgo gostava de uma encrenca e batia de frente com os que o condenavam. Muricy Ramalho humilhava gente da imprensa e desaforados. E Felipão não era lá de muita paciência, arrancando microfones espetados no chão e jogando ao longe.
Arroubos de Abel Ferreira dentro do campo cabem em críticas e punições atendendo à legislação esportiva. Paramos por aí.
Os que enxergam no técnico do Palmeiras um mau exemplo para a sociedade estão obrigados a partir de agora a comungar da santa inquisição com todos os que militam no futebol, dentro e fora da relva verde. Caso contrário o inferno é logo ali.
Joga pedra na Geni, maldita Geni. Sete títulos em pouco mais de dois anos.