Flamengo cai no Mundial de Clubes e se perde no labirinto

Victor Pereira questionado em mais uma queda do Flamengo - foto: reprodução Fifa

Flamengo está fora da final do Mundial de Clubes. Sai de cena derrotado por 3 a 2 para o Al Hilal, da Arábia Saudita. Cai eliminado e entra no seu labirinto particular. Difícil encontrar a saída.

Primeira desculpa vem do óbvio: arbitragem. Mais fácil desqualificar o árbitro a reconhecer seus próprios erros. O pênalti associado à expulsão de Gerson, nas palavras do técnico Victor Pereira, conduziu o jogo ao resultado da derrota.

Discurso do treinador português certamente terá guarida na diretoria do clube. É o mesmo enredo na derrota diante do Palmeiras na final da Supercopa do Brasil. Naquela decisão, há dez dias, o gol de Gabriel Menino teria sido irregular com a participação do lateral Maike.

Tão irregular a ponto de o presidente do Flamengo pedir afastamento do juiz Wilton Pereira Sampaio, árbitro brasileiro na Copa do Mundo Qatar 2022. Onde ja se viu um apitador errar contra o Rubro-Negro e ainda mais a favor do Palmeiras.

Querelas e balelas contra arbitragem são inevitáveis quando a queda é protocolar e ao mesmo tempo vexatória, como essa contra o Al Hilal no Mundial de Clubes. Não um vexame a depreciar o time saudita e sim pela soberba de que acima do Flamengo só o Real Madrid.

“Real Madrid, pode esperar! Sua hora vai chegar!”, cantaram jogadores, torcedores e o diretor de futebol Marcos Braz, há bem pouco tempo.

Difícil é se recolher na humildade e reconhecer seus próprios erros.

Substituições de Arrascaeta e Everton Ribeiro, segundo maioria dos analistas, foram equivocadas. Victor Pereira teria ceifado as cabeças pensantes do time no momento em que se exigia, como diria o desafeto Abel Ferreira, cabeça fria e coração quente.

Sensação que fica é de validade vencida da fórmula Flamengo de jogar futebol. Fadiga de material, em especial do quarteto Arrascaeta, Everton Ribeiro, Pedro e Gabigol.

O quarteto virou o fio. Não tem mais vitalidade. Os quatro brilham quando têm a bola nos pés e viram sonâmbulos quando são obrigados a marcar.

Em 2019, quando esse quadrado tinha Bruno Henrique na ponta dos cascos, o vigor a pressionar saída de bola do adversário era um assombro. Passados três anos, a fome de bola do quarteto, agora com Pedro no lugar de Bruno, minguou.

Sem ajuda do quarteto e mais Gerson, desligado do mundo real e ainda no sonho de 2019, Flamengo é facilmente dominado. Isso aconteceu contra o Palmeiras e se repete agora no jogo com o time saudita do Al Hilal.

Bom, mas essa conversa tem de ser entre Victor Pereira e os dirigentes.

A responsabilidade maior nessa altura do campeonato é do comando do Flamengo. Comando que resolveu trocar Dorival Junior por Victor Pereira tão logo o time levantou a taça de campeão da Libertadores em novembro de 2022.

Deram ao português menos de um mês para repensar o jeito de o time jogar e quais jogadores ele elegeria como protagonistas dessa nova fórmula.

Nos últimos cinco anos, dirigentes do Flamengo têm optado a trocar treinadores ao menor cisco nos olhos.

Victor Pereira que se cuide. Sua transferência ao Flamengo traindo Corinthians já manchou seu currículo. Uma queda agora, sempre a depender do quanto é frágil a sustentação dos dirigentes, não seria uma surpresa.

Se optar pela demissão, o alto comissariado do Flamengo sabe que sempre terá um Ás nas mãos. Nesse caso, Tite está dando sopa no mercado.


São Paulo 7 fevereiro 2023. Por Luiz Antônio Prósperi